A chegada de um novo ano é sempre carregada de simbologismos, e alguns dizem, inclusive, que essa é uma época de renovação. Na vida financeira o pensamento é o mesmo, principalmente para aqueles que possuem problemas com contas e dívidas.
Com alguns meses para o fim de 2023, já é possível avistar alguns gastos se aproximando, como festas de fim de ano, presentes e, em alguns casos, viagens. Logo após a virada, vem a preocupação com IPVA, IPTU, seguros e, para aqueles que tem filhos, ainda aparecem os gastos com o material escolar, uniforme e matrícula.
Mas apesar de parecer um bicho de sete cabeças, iniciar o ano com uma boa vida financeira não é uma tarefa impossível. Ainda dá tempo de organizar as despesas, equacionar as dívidas, separar uma sobra de caixa para um fundo imobiliário, por exemplo, e começar 2024 com o pé direito.
Alguns órgãos ligados ao setor de finanças, inclusive, já preparam materiais para auxiliar os brasileiros a manter as despesas em dia e evitar que os gastos virem uma bola de neve com a chegada do novo ano.
O primeiro passo para começar o ano de 2024 com as contas em dia é aprender a lidar com as próprias finanças. De acordo com o PhD em educação financeira e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, em entrevista para a imprensa, a educação financeira é essencial nesse processo e vai além de números, pois está relacionada a comportamentos e mudanças na forma como as pessoas lidam com o dinheiro.
Quando não há uma consciência financeira, o profissional explica que ocorrem riscos de surgir uma série de dívidas que perdurem por todo o ano, prejudicando a conclusão de metas e objetivos. Usar esse período de final de ano para começar uma “faxina financeira” é a melhor solução, assim é possível diagnosticar a atual situação e decidir o planejamento para os próximos meses.
A dica inicial do presidente da Abefin coincide com uma recomendação da Serasa. Ambos indicam que a organização é o pontapé para ter uma vida financeira mais saudável. Ter um controle dos gastos, por exemplo, é parte desse processo organizacional e pode minimizar imprevistos futuros.
Na correria do dia a dia, nem sempre é fácil lembrar de todas as despesas do mês, o que acaba resultando em surpresas desagradáveis quando a fatura chega. Por esse motivo, a recomendação das entidades é anotar todos os gastos. Reinaldo Domingos aponta que é importante se lembrar de anotar as parcelas das compras feitas no cartão de crédito que se estenderão por 2024.
Vale a pena explorar o bloco de notas do celular, uma planilha ou mesmo um caderno guardado na gaveta do armário. Muitas pessoas costumam aderir a planilhas, pois elas podem ser visualizadas em diferentes aparelhos e organizam os gastos em fileiras ou da forma que o usuário preferir.
Também pode ser interessante anotar o salário e outros valores que entram na conta todos os meses. Isso ajudará a ter um controle maior de até onde é possível ir com novas despesas.
Com um mapeamento do cenário atual organizado, é hora de partir para o planejamento dos próximos meses. Essa prática ajuda a evitar dívidas, pois, segundo o presidente da Abefin, pessoas planejadas passam melhor por imprevistos e possuem uma visão melhor para o futuro, inclusive de suas finanças.
A Serasa indica adicionar ao bloco de notas, planilha ou outro documento escolhido, os gastos futuros importantes para os próximos meses, como IPTU, IPVA e renovação de seguros. Esses valores não costumam aparecer todos os meses, mas também devem ser considerados na hora de fazer um mapeamento dos gastos.
Também é importante incluir as despesas mensais, como conta de água, luz, gás, gasolina para o carro, compras do mês, etc. Em ambos os casos, os números podem mudar no meio do caminho, mas ainda assim é importante ter uma ideia para se programar.
O presidente da Abefin ainda recomenda analisar as perspectivas de sonhos e projetos da família para o próximo ano. Desejos de fazer festas, viagens e compras em meses de aniversário precisam ser considerados e listados para evitar dívidas inesperadas.
Com as finanças organizadas e planejadas, o ano de 2024 tende a ser mais tranquilo financeiramente. Os próximos passos envolvem novos hábitos que precisam fazer parte do dia a dia para evitar despesas desnecessárias e contas altas.
Para conseguir estar alinhado com os planejamentos financeiros e metas estabelecidas, é importante criar consciência financeira. De acordo com o Reinaldo Domingos, após ter um mapeamento de todos os gastos mensais, é mais fácil de se entender onde é possível economizar no dia a dia.
O profissional destaca que nas categorias essenciais, como alimentação e energia elétrica, há pelo menos 20% de desperdício ou exagero. É importante direcionar o olhar para essas despesas, a fim de entender formas de reduzir os valores dos boletos.
A Serasa traz outras dicas de como economizar, adotando pequenos hábitos no dia a dia. Cozinhar mais em casa, trocar restaurantes por marmita, ficar de olho em ofertas promocionais, ir ao mercado com uma lista de compras e agendar o pagamento de contas para evitar multas por atraso são algumas das recomendações da entidade.
No cenário ideal, para ter uma boa vida financeira, uma parte do salário deve ser poupado e guardado, independente do valor que seja. Criar uma reserva de emergência, mesmo que pequena, oferece, de acordo com a Serasa, mais tranquilidade e segurança para as finanças. Sem esse “caixa”, muitas pessoas podem acabar recorrendo a empréstimos emergenciais.
O presidente da Abefin diz que a escolha do melhor investimento para guardar o dinheiro pode variar de pessoa para pessoa e também com o prazo para acessar o valor. Para os de curto prazo, aproximadamente um ano, a caderneta de poupança pode ser uma boa opção.
Para os de médio prazo, de um a dez anos, o Tesouro Direto e os fundos de investimentos são mais recomendados. E por fim, o profissional recomenda o Tesouro Direto, previdência privada e ações como opções positivas para os que procuram por investimentos para longo prazo, ou seja, acima de dez anos.