Romildo de Jesus / Tribuna da BahiaPor Lily Menezes
Imagine acordar cedo para ir pagar uma conta ou resolver uma pendência no banco, e constatar que a agência de costume já não está mais lá, não por mudança de endereço, mas por ter sido alvo de um crime. Pior, não saber quando e se o serviço essencial voltará a funcionar. Esta é a realidade das instituições financeiras na Bahia, que sofreram cinco ataques nos primeiros quinze dias de junho: um em Salvador e os quatro restantes espalhados pelo interior do Estado. Segundo a linha do tempo elaborada pelo Sindicato dos Bancários da Bahia e atualizada periodicamente, já foram 31 ocorrências envolvendo agências ou terminais de autoatendimento. A última foi no domingo passado (13), quando aconteceu a explosão de um ponto de atendimento do Banco do Brasil em Conceição do Almeida, a cerca de 120 km de Salvador.
Para a categoria bancária, a sensação de estar num filme de faroeste é constante, sobretudo com o rastro de destruição deixado nas instalações. “Os bancos e o poder público têm de adotar ações efetivas para coibir os ataques às agências e postos de atendimento bancário. A população e o comércio local não podem ficar sendo prejudicados”, diz o sindicato. No caso de Conceição do Almeida, o prejuízo fica ainda maior. O município de pouco mais de 18 mil habitantes, equivalente à população do bairro da Fazenda Grande II em Salvador, fica apenas com a unidade do Bradesco para servir aos moradores. Outra cidade em situação complicada é Coronel João Sá, no nordeste baiano: a ação dos criminosos levou a única agência do Banco do Brasil da cidade pelos ares. Dos 31 crimes contra estabelecimentos bancários, 26 tiveram explosivos como a arma principal.
No intuito de coibir as ações contra o sistema bancário, segue em funcionamento a operação Aerárium, que envolve cinco frentes policiais: o Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), de Inteligência Policial (DIP), de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) e da Coordenação de Operações Especiais (COE), tendo ainda o apoio das guarnições da Polícia Militar. Nesta terça (15), a operação aconteceu em Salvador e na região metropolitana, mobilizando mais de cem profissionais da Polícia Civil; na ação, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão. Um dos principais alvos da Aerárium era um homem responsável por manusear e instalar os explosivos a serem usados durante pelo menos cinco roubos a bancos em Salvador; o suspeito resistiu à prisão e acabou falecendo depois de alvejado pela polícia.
O comandante de Operações da Polícia Militar, Manoel Xavier, reforçou a importância do trabalho conjunto para combater os crimes relacionados às instituições financeiras. “A Operação Aerárium já chegou a pelo menos nove envolvidos em ataques a agências bancárias, só no último mês. Tivemos ações em Maracás e Serra do Ramalho, que resultaram em apreensões de grande quantidade de armamento e de dinheiro provenientes dessa prática criminosa”, reforçou. A expectativa é de avanços nas investigações do grupo criminoso, já que no esconderijo do montador de explosivos foram encontradas armas, drogas, roupas camufladas e luvas utilizadas durante as investidas contra as agências.
