14/09/2022 às 17h15min - Atualizada em 15/09/2022 às 02h32min

Risk Trends: FICO traz análise do mercado de crédito de pessoas físicas no 1º semestre de 2022

Índices e evolução de crédito estão disponíveis no portal da companhia.

SALA DA NOTÍCIA Cibely Toller
Eduardo Tambellini - Divulgação
 

Com a retomada da divulgação dos dados do Banco Central, a FICO, empresa líder mundial em softwares de análise preditiva e tomada de decisão, disponibilizou em seu blog uma ferramenta em que é possível visualizar o desempenho de fatores econômicos que impactam na oferta de crédito. Com soluções que utilizam a inteligência artificial e o machine learning para auxiliar na gestão e tomada de decisão de empresas, os indicadores disponibilizados contribuem para que clientes e o mercado em geral possam ter um resumo das tendências e riscos envolvendo crédito. O consultor da FICO, Eduardo Tambelini, traz uma análise sobre os principais dados apurados e como isso influencia no mercado de crédito. 

Cenário geral

Os seis primeiros meses de 2022 revelaram um cenário ainda mais desafiador do que os últimos dois anos, período considerado crítico devido à pandemia. A junção de fatores como a finalização do ciclo do auxílio emergencial, o clima de incertezas sobre as eleições presidenciáveis e os elementos gerados a partir da guerra da Ucrânia, resultou em instabilidade e apresentou indicadores importantes da economia em alta, como exemplo, o endividamento médio das famílias, a inflação e o desemprego. 

Segundo dados do Banco Central, os percentuais de inadimplência (over 90) para pessoas físicas – fecharam, até junho, com uma variação cada vez mais descolada dos números apresentados em 2021. No ano passado, os índices estavam em 4% com variação para baixo. Já na escalada de 2022, ultrapassa os 5%. Vale lembrar que o over 90 refere-se ao percentual de carteira de crédito livre do sistema financeiro nacional com pelo menos uma parcela com atraso superior a 90 dias. 

No comparativo de crescimento entre 2021 e 2022, iniciamos o ciclo com uma elevação de 11,4% e, em junho, esse percentual chega a 29,5%. Contudo, a partir de maio, a curva de crescimento teve a sequência desacelerada, com uma queda de 0,57%. Porém há estabilidade nos indicadores quando comparado os resultados da inadimplência de hoje com 2020, ano que, em razão da pandemia e do lockdown, vimos os registros de inadimplência se acentuarem. 

Outro dado percebido é referente ao crédito por produto. Ou seja, para qual finalidade o tomador de crédito utilizou o dinheiro. Nos indicadores apresentados, é possível identificar o cheque especial com um dos maiores índices de uso, atualmente com 11,5%. Ainda que os números sinalizem um cenário preocupante, quando comparado a períodos anteriores, os percentuais de inadimplência de hoje são menores. Em 2019, por exemplo, o cheque especial apresentava 17,5% de inadimplentes e, em 2018, foi registrado 15,3%.

O cenário evidencia também a preocupação com o modelo de cobrança e o entendimento do perfil do inadimplente para ações e decisões mais efetivas. Mas, nessa linha, o Open Finance é um instrumento que tem auxiliado cada vez mais no reconhecimento comportamental do cliente. 

Embora o endividamento médio das famílias ainda apresente, em junho, índices bastante elevados (78%), com base nos dados macroeconômicos mais recentes é possível identificar uma tendência positiva de recuperação, como o índice de desemprego que vem caindo gradativamente (9,1%), e a temida inflação, que começa a dar sinais de deflação e, de acordo com o IBGE, pela primeira vez, tem resultados menores do que a inflação americana.

Mas e o crédito?

Mesmo frente aos desafios da economia, o crédito continuou em ascensão no primeiro semestre de 2022 com crescimento de 7,4% para pessoas físicas, alcançando as cifras de R$ 2,9 trilhões. Já para PJ, o crescimento foi de 5,2% com um saldo de R$ 2 trilhões. 

Contudo, está mais caro tomar crédito. Os prazos se mantiveram estáveis, com média de 61 meses para pagamento, mas as taxas de juros subiram 52% a.a, quase 30% a mais do que o registrado em 2021. O cheque especial e o rotativo do cartão de crédito os principais vilões dessa composição. 

O crédito consignado é ainda a maior carteira, totalizando um valor de R$ 549 bilhões. Seguido do cartão de crédito que, até junho de 2022, somou mais de R$ 440 bilhões em utilização. 

Na terceira posição aparece o financiamento de veículos com R$ 247 bilhões, seguido de perto pelas carteiras de empréstimos não consignados que movimentaram R$ 238 bilhões. A carteira de renegociação mantém ligado o alerta para os índices da macroeconomia. Na quinta posição, o ativo que cresceu bastante desde o início da pandemia, continua figurando no top 5 e, embora matematicamente esteja em queda, desde o início de 2021, começa a demonstrar sinais de crescimento. Um ponto de atenção para riscos. 

A linha de crédito imobiliário, um termômetro interessante para medir a confiança do consumidor na economia, registra crescimento anual de 14,3% em junho, com um volume total de R$ 868 bilhões. Mesmo com a elevação da taxa de juros em 50% em relação às taxas praticadas em 2021, as concessões seguem com pequenas variações, o que indica uma retomada na confiança do consumidor.

Apesar das variáveis macroeconômicas, o primeiro semestre de 2021 se mostrou resiliente no que diz respeito ao mercado de crédito. E, embora mais caro, os níveis se mantiveram de certa forma estáveis, tanto no que diz respeito à concessão de créditos, como no que se refere à inadimplência com variações esperadas. 

Para o segundo semestre, há a expectativa natural de retomada, uma vez que historicamente, o período se caracteriza com indicadores mais expressivos devido às festas de fim de ano. Contudo é importante observar e acompanhar as evidências para entender e prever se as curvas de inadimplência se manterão estáveis, e se o custo para tomada de crédito continuará a subir. Pontos importantes para segmentar carteiras de crédito e priorizar a oferta correta dentro do cenário e perfil de comportamento do cliente. 

Para acessar os gráficos acesse.


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Mande sua denuncia, vídeo, foto
Atendimento
Mande sua denuncia, vídeo, foto, pra registrar sua denuncia