06/09/2022 às 14h22min - Atualizada em 07/09/2022 às 00h14min

Soldados estrangeiros LGBTQIA+ que lutam na Ucrânia se dizem acolhidos

Voluntários usam distintivo com o desenho de unicórnio para representar a comunidade e relatam encontrar acolhimento.

G1
https://g1.globo.com/mundo/ucrania-russia/noticia/2022/09/06/soldados-estrangeiros-lgbtqia-que-lutam-na-ucrania-se-dizem-acolhidos.ghtml

Voluntários usam distintivo com o desenho de unicórnio para representar a comunidade e relatam encontrar acolhimento. Distintivo com imagem de unicórnio é usado voluntariamente por estrangeiros que lutam na guerra da Ucrânia ao lado das forças de Kiev.
Reprodução/ Redes sociais
L

Explosões são detonadas enquanto o ex-fuzileiro naval dos Estados Unidos Eddy Etue explica por que desistiu de uma vida tranquila na costa da Califórnia para se voluntariar no Exército ucraniano. Etue enfrentou tiros e um ataque com mísseis à sua base.
Mas algo que não tem lhe preocupado é o fato de ser gay no meio do front, afirma Etue, um dos soldados estrangeiros na Ucrânia que orgulhosamente usam o distintivo de unicórnio das tropas LGBTQIA+ na Ucrânia.
"Ser capaz de usar esta insígnia de unicórnio sem problemas, principalmente em um país da Europa Oriental - é incrível", afirmou no norte-americano, de 37 anos, que está lutando ao lado de reservistas do Exército ucraniano a leste do porto de Odesa, no Mar Negro.
"Há essa sensação de realização quando você entra em uma situação como essa para ajudar as pessoas a lutar por sua própria existência e elas te recebem de braços abertos."
Os combatentes LGBTQIA+ na Ucrânia têm usado o logotipo do unicórnio em seus uniformes para se identificar.
Alguns ativistas ouvidos pela agência de notícias Reuters acham que o envolvimento de estrangeiros da comunidade LGBTQIA+ no Exército reforçou o apoio público aos direitos de gays e transgênero na Ucrânia, país em grande parte socialmente conservador.
Em março, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que mais de 16.000 pessoas se inscreveram para se juntar à legião "internacional" da Ucrânia, embora não tenha dito quantas chegaram, e os números não puderam ser verificados de forma independente.
Etue, que já serviu no Iraque, disse que sua sexualidade não foi um problema para os soldados com quem está lutando. "Os únicos problemas que posso ter tido, e eles foram sutis, foram de ocidentais que talvez estivessem um pouco incomodados", afirmou.
O presidente Vladimir Putin restringiu os direitos dos russos LGBTQ+ e muitos temem repressões semelhantes se a Rússia ganhar o controle.
Conservadorismo na região
Antes da guerra, grupos mais conservadores da Ucrânia - uma nação principalmente cristã ortodoxa - costumavam se manifestar contra os direitos das pessoas LGBTQIA+, enquanto membros da extrema-direita atacavam regularmente grupos e eventos ligados à comunidade.
Ativistas do Kiev Pride, um grupo de direitos LGBTQIA+ com sede na capital ucraniana, já expressaram preocupação com a presença de grupos e indivíduos homofóbicos no exército.
Dallas Casey, um homem gay do Tennessee, disse que serviu ao lado de pessoas de grupos de extrema direita na Ucrânia, mas não enfrentou nenhuma hostilidade.
"Eles foram muito abertos sobre suas crenças. Eu fui muito aberto sobre quem eu era. E nós apenas trabalhamos juntos", disse o jovem de 28 anos em uma videochamada de Salt Lake City, onde voltou temporariamente para apoiar seu marido. após um luto familiar.
Casey formou uma unidade independente com outros voluntários estrangeiros depois de servir na Legião Internacional e em outro batalhão liderado por estrangeiros.
O ex-médico do exército dos EUA ajudou a resgatar soldados feridos, além de treinar outros voluntários e evacuar civis de áreas perigosas.
Tanto Etue quanto Casey disseram que querer promover os direitos LGBTQ+ não foi a principal motivação para sua decisão de se juntar ao esforço de guerra.
Mas Etue acredita que a maioria dos ucranianos apóia um esforço por mais direitos para as minorias sexuais e de gênero.
"As pessoas precisam saber que a Ucrânia agora não é apenas o escudo para todo o resto da Europa, mas para o mundo", disse ele.
"Eles estão defendendo muito aqui - e você sabe, mesmo aqueles que não fazem parte da comunidade LGBTQ; eles ainda nos defendem. Posso dizer isso com confiança."
Leia também:
Rússia está comprando armas da Coreia do Norte, dizem EUA
Com presença de Zelensky e do cachorro Patron, crianças voltam às aulas em Kiev

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/ucrania-russia/noticia/2022/09/06/soldados-estrangeiros-lgbtqia-que-lutam-na-ucrania-se-dizem-acolhidos.ghtml


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Mande sua denuncia, vídeo, foto
Atendimento
Mande sua denuncia, vídeo, foto, pra registrar sua denuncia