Um homem que foi torturador no passado, mas impressiona por sua fragilidade. As distintas facetas de Galdino, que ao mesmo tempo é capaz de tentar matar Rosa (Leticia Colin), e chora como um menino diante da ira de Laureta (Adriana Esteves), vêm colocando uma interrogação na cabeça do público de “Segundo sol” e também na de seu intérprete, Narcival Rubens.
— Ele é um sujeito do mal, matador, mas que se pela de medo de Laureta. Como é leal a ela ao extremo, tê-la traído foi como a morte. Sua submissão é uma coisa fora do comum. Acho que isso vem da paixão que nutre pela cafetina, o que não justifica ele entregar sua vida nas mãos dela — analisa o ator, de 56 anos.
Curioso é que, mesmo apaixonado pela patroa, Galdino verá outro segredo de sua vida vir à tona: o gosto por revistas masculinas e DVDs pornôs gays, configurando sua bissexualidade.
— É uma surpresa atrás da outra, o que me deixa bastante animado. E isso se reflete na repercussão que ele causa nas ruas. Uma vez, uma senhora, na farmácia, ficou me olhando com uma cara feia, até que fui lá, me apresentei e disse que era mal só na novela. Ela começou a rir e ficou tudo ok — diverte-se.
Aos risos, o ator conta ainda que as pessoas querem saber como ele e Adriana se comportam nos bastidores.
— Perguntam como ela é, falam das maldades... Digo que a chamo de “minha rainha’’ e ela de “meu príncipe’’. Adriana me recebeu como se fôssemos amigos há 150 anos — derrete-se.
A animação de Narcival Rubens com Galdino vai além de comemorar a boa repercussão do papel. Natural de Salvador, o ator estava fazendo caixas personalizadas para vender quando foi à caça de um lugar ao sol na trama de João Emanuel Carneiro.
— Eu não estava fazendo teatro, TV, nada. E precisava pagar contas. Então, trabalhei vendendo cerveja na ilha de Itaparica, fui segurança e estava há uns três meses vendendo caixas. Mas sempre mandando email para produtores. Até que tive a oportunidade de fazer um teste para novela e tudo deu certo. É um divisor de águas na minha carreira — afirma Narcival.
Duro na ficção, na vida real, ele é um paizão:
— Meu filho, neto e nora, que considero uma filha, são tudo para mim. Não concebo a vida sem eles.