A plataforma on-line que deveria permitir o acesso e adesão ao acordo que vai restituir as perdas da poupança a quem tinha dinheiro aplicado na caderneta, à época dos planos econômicos Bresser (1987), Verão (1989) e Collor II (1991), tem dado dor de cabeça para quem, depois de décadas, quer ver o dinheiro na conta. Segundo advogados, o sistema disponibilizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apresenta inconsistências que dificultam a habilitação daqueles que têm direito à indenização.
Segundo Marcelo Pitarello, do escritório Pitarello e Ferreira Advogados, que representa 700 poupadores, o sistema apresenta falhas que impedem ou atrasam o processo.
— Na primeira leva de habilitações que tentamos fazer no sistema, cerca de 200, mais de 70 processos de adesão foram indeferidos. Muitas vezes, o sistema não reconhece os extratos bancários, e, em outras, o processo de upload da documentação necessária simplesmente não funciona — afirma.
As inconsistências na plataforma podem explicar a baixa adesão ao acordo. De acordo com dados divulgados pela Febraban, dos mais de um milhão de poupadores que têm direito ao ressarcimento, apenas 48.230 fizeram o processo de habilitação. A plataforma entrou em funcionamento em maio, e os poupadores terão até dois anos para aderir ao acordo através da plataforma.
A Febraban “considera que o ritmo de adesão está adequado ao esperado para os dois primeiros lotes, que referem-se a pessoas com mais de 85 anos, uma vez que eles não são os lotes mais expressivos”.