22/08/2022 às 13h31min - Atualizada em 23/08/2022 às 00h03min

Britânicos enfrentam greves, inflação e racionamento de água

Quase um terço da população britânica estará proibida de usar água com atividades como regar jardins, lavar carros, calçadas, pátios ou encher piscinas.

G1
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/08/22/britanicos-enfrentam-greves-inflacao-e-logo-racionamento-de-agua.ghtml

Quase um terço da população britânica estará proibida de usar água com atividades como regar jardins, lavar carros, calçadas, pátios ou encher piscinas. A inflação no Reino Unido subiu mais do que era esperado e atingiu o maior patamar dos últimos 40 anos
Em meio a maior onda de greves dos últimos 30 anos, o Reino Unido agora se prepara racionar água. O país vive sua pior seca desde 1976. E a partir desta quarta-feira (24), restrições de consumo que já afetavam diversas regiões chegam a Londres e ao Vale do Tâmisa. Isso significa que quase um terço da população britânica estará proibida de usar água com atividades como regar jardins — uma paixão nacional —, lavar carros, calçadas, pátios ou encher piscinas.
Não bastassem a disparada do custo de vida, a maior onda de greve dos últimos anos e o fato de o país ainda não ter um primeiro-ministro para chamar de seu — o que só acontecerá em 5 de setembro —, a zona do racionamento de água está sendo ampliada e afetará mais 15 milhões de pessoas a partir desta semana.

A decisão foi tomada depois que as medições dos reservatórios locais baixaram a níveis críticos. A nascente do Tâmisa chegou a secar no auge do calor. Julho foi o mês mais seco da história do Reino Unido.
King Power Stadium em 20 de agosto de 2022
Craig Brough/Reuters
As paisagens sempre verdes deram lugar a parques e gramados alaranjados, empoeirados ou queimados por incêndios. Chamam a atenção os equipamentos de irrigação em atividade pelos campos para protegerem o que resta das plantações.
A expectativa é de que as restrições do uso de água reduzam o consumo em cerca de 10%. Pode não parecer um grande sacrifício, mas os ingleses são apaixonados por jardinagem, um “esporte nacional”.
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Férias em casa
Tudo isso só agrava a insatisfação geral. A proibição também afeta áreas de veraneio onde milhões de britânicos estão de férias nesse momento. Para tentar economizar e evitar a confusão dos aeroportos, centenas de milhares de britânicos optaram pelo chamado “staycation" — férias sem sair de casa.
Com as demissões realizadas pelas companhias aéreas por conta da pandemia, as contaminações dos funcionários remanescentes com Covid-19 e as previsões de greves também nos aeroportos, férias no exterior viraram um dor de cabeça para muitos.
Na semana passada, os funcionários das companhias de trem e metrô, neste país que tem as tarifas de transportes entre as mais caras do mundo, voltaram a cruzar os braços. A nova greve perturbou a rotina de centenas de milhares de cidadãos. Seus efeitos se estenderam pelo fim de semana.
Neste momento, quase 2 mil trabalhadores de Felixstowe, o maior porto de cargas do Reino Unido, também suspenderam as atividades. A paralisação de oito dias terá grande impacto sobre as operações do porto, que recebe aproximadamente 4 milhões de contêineres entregues por 2 mil navios por ano. Nada pior para uma nação que ainda vive uma crise de falta de mão-de-obra sem precedentes desde o Brexit.
Próximo primeiro-ministro
Nos últimos meses, supermercados têm se desculpado pela falta de produtos, que já não conseguem repor como antes. Há ainda no horizonte a greve dos correios, de enfermeiros, bombeiros, coletores de lixo e dos aeroportos.
O próximo primeiro-ministro tem uma longa lista de desafios para enfrentar neste verão europeu, que devem se complicar ainda mais com a chegada do inverno. Com a perspectiva de aumento de quase 200% no custo das contas de energia, o frio promete mais cobranças do novo premiê em um momento em que a inflação britânica já é mais alta do que a do Brasil.
O índice bateu 10,1% ao ano em julho, podendo chegar a 13% anualizados ainda em outubro, de acordo com as estimativas do Banco da Inglaterra, o banco central britânico.
Ainda mais pessimista, o banco americano Citi prevê que a inflação dos preços ao consumidor na Grã-Bretanha possa atingir um pico de 18% no início de 2023, nove vezes a meta estabelecida pelo Banco da Inglaterra, revelou um dos economistas do Citi nesta segunda-feira (22).
É preciso voltar a 1976 para encontrar uma taxa de inflação britânica acima de 18%.
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Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/08/22/britanicos-enfrentam-greves-inflacao-e-logo-racionamento-de-agua.ghtml


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