16/08/2022 às 10h22min - Atualizada em 17/08/2022 às 00h23min

Com a demissão em massa nas fintechs, vale a pena construir carreira no mercado financeiro?

Só em 2022, mais de 900 profissionais foram desligados de fintechs e empresas do mercado financeiro. Já setores mais consolidados, como o de FIDCs, consultoras de FIDCs e o de securitização vão na contramão. As securitizadoras ampliaram contratações em 2022 em 15,28%, de acordo com o Caged.

SALA DA NOTÍCIA Cecília Nunes de Sá
https://sbcredito.com.br/
Divulgação
O mercado de trabalho tem visto dois cenários distintos: um de demissões em massa das startups e fintechs e outro com a menor taxa de desemprego do país desde 2015, segundo levantamento do IBGE. Dados do site Layoffs Brasil contabilizaram 955 profissionais desligados de fintechs, corretoras de investimentos e empresas de educação financeira. Os números ainda estão sendo apurados e a cada dia crescem.

Nas sociedades de crédito, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que só o mês de maio foram 241 demissões, frente a 167 contratações, enquanto o mês de junho somou mais 176 demissões.


É nessa categoria que estão muitas das fintechs protagonizaram demissões em massa nos últimos meses. O contraste com o ano de 2021 é nítido: a empregabilidade na atividade tinha crescido 7,10% e agora voltou aos níveis vistos em setembro de 2021.

Motivos para essa movimentação
Gabrielle Garcia, Business Partner da SB Crédito, explica que essas movimentações são reflexo dos momentos econômicos vividos no Brasil e no mundo. Os efeitos da crise econômica da pandemia vieram em momentos diferentes para as empresas e se somaram com a insegurança da Guerra da Ucrânia.

Agora, as startups e fintechs estão sendo afetadas pela preferência dos investidores em investimentos mais seguros e pelos baixos índices de confiança dos consumidores. Com menos demanda, menos pessoas são necessárias na equipe.

Também da área financeira, as factorings tiveram uma retração de 0,81% no quadro de celetistas nesse ano. O ano de 2021 foi ainda mais conturbado - ao todo, essas empresas enxugaram o seu quadro de funcionários em 6,62%. Em comparação, a atividade demonstra uma estabilização do número de demissões.

“Mas não para por aí. As pessoas em 2020 se viram em uma situação desesperadora e aceitaram empregos para pagarem as contas. Dois anos depois, o movimento é de buscarem oportunidades de trabalho que satisfaçam as suas aspirações profissionais e existem segmentos que têm dado mais essa possibilidade”, comenta a profissional de RH, explicando a crescente tendência das demissões voluntárias.

Onde teve crescimento nas contratações
Indo na contramão desse cenário, só nesse ano as atividades de serviços financeiros tiveram 2,74% a mais de vínculos celetistas ativos, totalizando 562.604 contratos, de acordo com os dados do Caged. Os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs), securitizadoras e consultoras de FIDCs extrapolaram esse crescimento.

As securitizadoras de crédito, por exemplo, apresentaram as maiores porcentagens de crescimento dentro do setor. De janeiro a junho de 2022, as novas contratações somaram 698, o que representa 15,28% a mais no quadro de dezembro de 2021. Em 2021, as atividades de securitização aumentaram o quadro de funcionários em 27,10%.

Assim como o segmento, a SB Crédito, consultora de fundos de investimento, seguiu essa tendência de mercado e elevou seu quadro em 13,5% de janeiro a julho de 2022 para atender o crescimento das operações. A expectativa é de que o setor continue movimentando a economia e crescendo o número de vagas, chegando próximo do crescimento visto no ano passado.

Os que já atuam em consultoras de fundos há mais tempo enxergam também a possibilidade de crescimento na carreira. A Andressa Santos iniciou na SB Crédito há 7 anos como assistente de controladoria, migrando de carreira após 12 anos na área da saúde. Em 2021, se tornou a gestora responsável pelo setor de Formalização e recentemente foi promovida a gerente.

“Não conhecia nada do segmento de FIDCs quando entrei na SB Crédito, mas logo me apaixonei pela área de crédito. É um setor que você pode se desenvolver sempre, é muito dinâmico e com novos desafios e oportunidades surgindo todos os dias. Tenho muito orgulho da minha trajetória”, conta ela.

Fazendo carreira nas empresas tradicionais de crédito
A própria Business Partner Gabriella Garcia migrou para o mercado financeiro durante a pandemia e enxergou nele a chance de se desafiar e de crescer junto ao segmento. Segundo os últimos dados do Banco Central, a concessão de crédito para empresas atingiu R$ 4,7 trilhões no mês de abril, representando um crescimento de 7,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A SB Crédito almeja operar R$ 5,2 bilhões em recebíveis nesse ano, enquanto em 2021 a operação foi de R$ 4,6 bilhões.

Um aspecto apontado por ela é que não foram apenas as fintechs que investiram em tecnologia nos últimos anos. “Com as finanças descentralizadas, a disseminação das blockchains e muitas outras mudanças do mercado, essas empresas têm um espaço imenso de crescimento e não vão deixar passar. Quem quiser aproveitar a oportunidade, a hora é agora”, finaliza Gabrielle Garcia.

4 dicas para construir carreira em empresas consolidadas no mercado de crédito:
1. Não tenha medo de entrar: a maioria das pessoas não tem conhecimento nas rotinas das empresas tradicionais de crédito - como as consultoras de FIDCs - antes de aceitar uma oportunidade na área. A experiência é muito valorizada, mas não é essencial para entrar no setor.
2. Busque sempre conhecer mais sobre a área: com muitos detalhes técnicos, sempre há algo novo para aprender e se aprofundar mais na área.
3. Esteja atualizado sobre o cenário econômico: por trabalhar com crédito, a área é influenciada pelas movimentações na economia. Para tomar decisões mais inteligentes no dia a dia, estar atento ao mercado financeiro e aos indicadores econômicos é o primeiro passo.
4. Aprenda a analisar dados: mais do que a manipulação dos dados em Excel, o pensamento analítico é o que move o setor. Aprender ferramentas como Power BI agrega valor ao profissional.


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