16/08/2022 às 17h31min - Atualizada em 17/08/2022 às 00h22min

Guerra da Ucrânia impulsiona indústria de gás natural em todo o mundo

Empresas estão desenvolvendo novos projetos de produção e liquefação, além da instalação emergencial de novos terminais de recebimento de GNL

SALA DA NOTÍCIA Gustavo Monteiro
Em virtude dos valores elevados e da expectativa de maior demanda por gás natural, o mercado global vem passando por um novo ciclo de expansão: empresas estão desenvolvendo novos projetos de produção e liquefação, sem falar na instalação de forma emergencial de diversos novos terminais de recebimento de GNL no continente Europeu.

O conflito na Ucrânia só vem piorando um cenário de escassez global de energia, mas isso não é algo recente e já vem se desdobrando há pelo menos oito anos. Com a queda dos preços do barril do petróleo e do gás natural após 2014, empresas produtoras vinham reduzindo em mais de 50% os investimentos em projetos de exploração e produção, desencadeando um desequilíbrio entre suprimento x demanda e consequentemente aumentando gradualmente o preço do produto: saltou de USD 7/mmBtu para mais de USD 20/mmBtu ao longo do último inverno no Hemisfério Norte.


Devido à redução do fluxo de gás russo a situação se deteriorou ainda mais, com o preço chegando a patamares próximos de USD 50/mmBtu mesmo antes do início da temporada de inverno.


Somente nos EUA, a demanda europeia pela molécula fez com que o Henry Hub (oriundo de gasoduto localizado em Erath, Louisiana) chegasse a quase USD 10/mmBtu, inflacionando assim os preços no mercado interno americano e desencadeando um novo ciclo e buscas por licenças para a implementação de novos projetos.

Para o consultor Eduardo Antonello, fundador da Golar Power e da Sunshine LN, a movimentação do setor está causando uma “tempestade perfeita” para a indústria de GNL.

“O momento pode ser estratégico para quem quiser se posicionar e aguardar até o próximo ciclo de commodities, assim como ocorreu após o tsunami de Fukushima em 2009, que tirou de operação inúmeras usinas nucleares japonesas ocasionando um aumento substancial do preço do GNL”, afirma Antonello.

Ele lembra que, na ocasião, produtores globais se voltaram ao desenvolvimento de novos projetos de produção e liquefação. Mas a situação foi se estabilizando e, em 2015, houve uma bolha que fez com que os preços despencassem para abaixo de USD 2/mmBtu.

“Agora o desafio está em convencer o mercado a focar numa visão de longo prazo e compreender que a substituição da matriz energética global demora um tempo para ocorrer”, reforça o consultor, acrescentando que, apesar dos esforços e investimentos em energias renováveis, somente este ano a retomada do consumo de carvão eliminou todo o ganho em emissões observados ao longo dos últimos 20 anos com energias solar e éolica.

 


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