09/08/2022 às 08h22min - Atualizada em 10/08/2022 às 00h20min

Mudanças em impostos de combustíveis leva BC a focar mais na inflação de 2024 ao definir juros

Informação consta da ata do Copom; governo e Congresso fizeram mudanças para segurar inflação em 2022, mas que devem elevá-la em 2023. BC define juros conforme a inflação.

G1
https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/08/09/com-mudancas-em-impostos-sobre-combustiveis-bc-sinaliza-enfase-a-inflacao-em-2024-para-fixar-juro.ghtml
Informação consta da ata do Copom; governo e Congresso fizeram mudanças para segurar inflação em 2022, mas que devem elevá-la em 2023. BC define juros conforme a inflação. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou que, diante das alterações feitas nos impostos sobre combustíveis, dará mais "ênfase" na inflação de 2024 durante a definição da taxa básica de juros, a Selic.
A informação, divulgada nesta terça (9), consta da ata da última reunião do Copom, que aconteceu na semana passada.
Na reunião, o comitê decidiu elevar a taxa Selic de 13,25% para 13,75% ao ano, o maior percentual dos últimos seis anos (entenda mais abaixo como funciona a elevação ou a redução dos juros e a relação com a inflação).

Neste ano, o governo federal e o Congresso Nacional aprovaram mudanças nos impostos que incidem sobre os combustíveis. O objetivo foi segurar a inflação deste ano, que acumula alta de 10,07% nos últimos 12 meses. Economistas, porém, já alertaram que essas alterações deverão elevar a inflação de 2023.
Itens como combustíveis e energia elétrica, por si só, geram impacto na inflação. Mas também influenciam preços de outros produtos, o que pressiona ainda mais a inflação.
Quanto maior é a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente as que recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam sem que o salário necessariamente acompanhe esse crescimento.
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Entenda: juros e inflação
Para definir a taxa de juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação.
Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central reduz a Selic.
Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação nos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.
Até então, a instituição indicava que buscava, na definição dos juros básicos da economia, o cumprimento da meta de inflação do ano que vem.
Porém, na ata da reunião realizada na semana passada, o Copom informou que está centrando esforços olhando para a inflação em 12 meses até março de 2024.
Ao diminuir a importância do próximo ano no cenário para definição da taxa Selic, o BC indica que a meta de inflação pode ser descumprida em 2023 pelo terceiro ano seguido.
O Banco Central estima que a inflação oficial somará 4,6% no ano que vem, ainda abaixo do teto de 4,75% do sistema de metas de inflação, mas o mercado financeiro já projeta um IPCA de 5,36%, ou seja, com novo estouro da meta em 2023.
Em 2021, a inflação oficial somou 10,06%, acima da meta de inflação. E, recentemente, o próprio BC admitiu oficialmente estouro da meta de inflação para o ano de 2022.
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Inflação elevada e nova alta de juros
Na ata do Copom, o BC avaliou que a inflação "segue elevada, com alta disseminada entre vários componentes, se mostrando mais persistente que o antecipado".
O BC também indicou que pode elevar a taxa Selic novamente na próxima reunião do Copom, marcada para 20 e 21 de setembro.
"O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude [do que a alta de 0,5 ponto percentual do último encontro], em sua próxima reunião", informou.
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Aumento de gastos em ano eleitoral
O Banco Central também manifestou preocupação com o aumento de gastos em ano eleitoral promovido por meio da "PEC Kamizaze", que driblou a lei e turbinou benefícios sociais.
De acordo com a instituição, políticas temporárias de apoio à renda devem trazer estimular o consumo por parte da população. Argumentou, ainda, que o "prolongamento" de tais políticas "pode elevar os prêmios de risco do país" e as expectativas de inflação à medida que "pioram a trajetória fiscal', o resultado das contas públicas.
"O Comitê pondera que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário", informou.
Desaceleração da economia mundial
Por outro lado, o Banco Central também avaliou que houve um aumento da probabilidade de uma "desaceleração da atividade global mais pronunciada", o que contribuiria para conter as pressões inflacionárias no mundo e, consequentemente, na economia brasileira também.
A instituição lembra que os Bancos Centrais de países desenvolvidos e emergentes têm elevado os juros nos últimos meses para conter o aumento da inflação, contribuindo para desacelerar a economia mundial e para uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das "commodities" (produtos básicos, como petróleo e alimentos).
No Brasil, o Copom informou que continua estimando que a "atividade deve desacelerar nos próximos trimestres, quando os impactos defasados da política monetária [elevações das taxas de juros dos últimos anos] se fizerem mais presentes".

Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/08/09/com-mudancas-em-impostos-sobre-combustiveis-bc-sinaliza-enfase-a-inflacao-em-2024-para-fixar-juro.ghtml


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