09/08/2022 às 09h04min - Atualizada em 10/08/2022 às 00h19min

Deflação em julho é pontual e não alivia bolso dos mais pobres; entenda por que o cenário segue ruim para os preços

Resultado de julho ficou restrito ao desempenho da gasolina e energia elétrica e não representa um alívio no bolso das famílias mais pobres. Economistas projetam que inflação pode voltar em agosto, mas num patamar baixo.

G1
https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/08/09/deflacao-em-julho-e-pontual-e-nao-alivia-bolso-dos-mais-pobres-entenda-por-que-o-cenario-segue-ruim-para-os-precos.ghtml

Resultado de julho ficou restrito ao desempenho da gasolina e energia elétrica e não representa um alívio no bolso das famílias mais pobres. Economistas projetam que inflação pode voltar em agosto, mas num patamar baixo. Economista fala sobre impacto da deflação de 0,68%
A deflação de 0,68% registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho esconde uma realidade ainda difícil do quadro inflacionário do Brasil.
A queda da inflação ficou restrita ao desempenho dos combustíveis e da energia elétrica e pior: não representa um grande alívio no bolso das famílias mais pobres. Além disso, a taxa acumulada em 12 meses segue em dois dígitos, a 10,07%.

IPCA: país registra deflação de 0,68% em julho, mas taxa no acumulado em 12 meses é de 10,07%
Os analistas pontuam que uma deflação tradicional se dá quando os preços de vários bens e serviços recuam, diferente do observado no dado divulgado nesta terça-feira (9). A última vez em que o Brasil registrou deflação foi em maio de 2020, quando a economia foi chacoalhada com os primeiros impactos da pandemia coronavírus.
"O mérito da queda (atual) é pequeno. A gente entende como deflação quando é uma coisa generalizada", afirma Andre Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). "Não é uma mudança de jogo, não é uma queda generalizada."
Aumento dos preços de combustíveis para consumidor final fica a critério de distribuidoras e postos
Marcelo Brandt / G1
Os preços de combustíveis e energia recuaram na última leitura do IPCA influenciados pelo projeto que limitou o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo.
O ICMS é um tributo estadual. Com o projeto, a alíquota máxima do imposto foi definida na faixa de 17% a 18%, dependendo da localidade. Antes, ela chegava a superar 30% em alguns estados.
Em ano eleitoral, o governo apostou nessa medida tributária para melhorar os índices de inflação. Antes do corte do tributo, os analistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, chegaram a projetar uma inflação na casa de 9% no acumulado de 2022. Mas, agora, já revisaram o número para próximo de 7%.
Mesmo com o número melhor, o governo não vai cumprir a meta de inflação deste ano – que é de 3,5%, podendo oscilar entre 2% e 5%. Será o segundo ano consecutivo de estouro da meta de inflação.
Banco Central admite oficialmente estouro da meta de inflação pelo segundo ano seguido
Sem alívio para os mais pobres
A inflação ainda deverá castigar as famílias mais pobres. Elas são pouco afetadas pela queda no preço da gasolina e já pagavam uma alíquota baixa para o consumo de energia elétrica.
No bolso dos mais pobres, o que pesa mais é a alta os preços dos alimentos, que segue forte – e acelerou no mês passado, com alta de 1,30%.
"Para as famílias mais pobres, cuja cesta de consumo tem mais peso de alimentos, a situação não muda muito. Continua com a dinâmica de alta do preço de alimento", afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.
População muda hábito na alimentação por causa da inflação
Um acompanhamento mensal realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) deixa evidente como a alimentação pesa mais para os mais pobres.
Nos 12 meses até junho, a inflação para as famílias com renda menor do que R$ 1.726,01, foi de 11,99%. Só alimentação respondeu por quatro pontos percentuais do total.
"As famílias mais pobres vão continuar a sentir um aumento do preço dos alimentos. A maior parte da população brasileira não vai enxergar esse número negativo", diz Braz.
E o que esperar?
Na previsão dos economistas, a deflação de julho do IPCA vai dar lugar para uma inflação baixa em agosto. "É cedo para comemorar porque temos muitos desafios no radar", afirma o economista do Ibre/FGV.
Entre os riscos, o economista pontua a volatilidade com o período eleitoral, os desdobramentos da guerra entre Ucrânia e Rússia e o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos - juros mais altos na economia norte-americana tendem a atrair recursos aplicado em economias emergentes, como a brasileira, e podem levar a uma desvalorização do real, provocando mais inflação.
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"É uma mudança pontual e concentrada no mês de julho. Em agosto, deve ter algum rabicho (desse resultado), mas mais por questão do período de coleta e do ritmo de implementação dessas mudanças", afirma Gonçalves, do banco Fator.

Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/08/09/deflacao-em-julho-e-pontual-e-nao-alivia-bolso-dos-mais-pobres-entenda-por-que-o-cenario-segue-ruim-para-os-precos.ghtml


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