09/08/2022 às 09h27min - Atualizada em 10/08/2022 às 00h19min

Anvisa mantém banimento de agrotóxico cancerígeno, mas descontinuação será gradual

Carbendazim está entre os 20 defensivos mais comercializados no Brasil. Setor terá até 12 meses para abandonar uso. Componente é tóxico para a reprodução humana.

G1
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2022/08/09/anvisa-mantem-banimento-de-agrotoxico-cancerigeno-mas-descontinuacao-sera-gradual.ghtml

Carbendazim está entre os 20 defensivos mais comercializados no Brasil. Setor terá até 12 meses para abandonar uso. Componente é tóxico para a reprodução humana. Anvisa mantém banimento de agrotóxico cancerígeno, mas descontinuação será gradual
AFP
O agrotóxico carbendazim teve seu uso banido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na segunda-feira (8). O agroquímico foi considerado cancerígeno, tóxico para a reprodução humana e para o desenvolvimento do feto e de recém-nascidos, apontou a agência.

A Anvisa já havia determinado uma suspensão cautelar do componente. O objetivo era prevenir a disponibilização para uso, no manejo agrícola e para produtos que contivessem o ingrediente na sua formulação, enquanto a agência realizava um processo de reavaliação dele.
Com o novo posicionamento, fica proibido o uso do carbendazim em agrotóxicos no país, sendo os produtos técnicos (matéria-prima para formulação dos defensivos) e formulados à base desse ingrediente ativo, atualmente registrados ou com pleito de registro no Brasil.
Apesar de a medida ter efeito imediato, a descontinuação é gradual e a importação, produção, comercialização e o uso do carbendazim deve continuar por até 12 meses.
O carbendazim é um fungicida, ou seja, sua função é combater fungos que ataquem a produção, e está entre os 20 agrotóxicos mais comercializados no Brasil. Ele é usado nas culturas de algodão, cana-de-açúcar, cevada, citros, feijão, maçã, milho, soja e trigo, e para a aplicação em sementes nas culturas de algodão, arroz, feijão, milho e soja.
Saiba mais:

Liberação de agrotóxicos em 2021 bate novo recorde na série histórica; maioria é genérico
Hormônios, insetos, vírus: entenda como os defensivos biológicos podem ser alternativas aos agrotóxicos
Por que a produção de alimentos depende tanto de agrotóxicos?
Como afeta a saúde
Segundo a Anvisa, estudos envolvendo o carbendazim apontaram evidências de que ele tem potencial:
para causar mutação nas células germinativas, portanto as células que formam espermatozoides nos homens e óvulos nas mulheres;
cancerígeno em humanos;
tóxico para a reprodução humana;
tóxico para o desenvolvimento do feto e de recém-nascidos.
Além disso, a agência indicou a impossibilidade de determinar a existência de uma quantidade deste agrotóxico a qual humanos poderiam ter contato sem sofrer os malefícios identificados.
Descontinuação gradual
A Anvisa decidiu pela descontinuação gradual do produto. Isso significa que ele ainda poderá ser usado por até 12 meses. Segundo a agência, o esgotamento dos estoques atuais foi a melhor opção encontrada em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para minimizar os impactos ambientais.
Isso porque o carbendazim é classificado como altamente tóxico para organismos aquáticos, como microcrustáceos e peixes, e altamente persistente no meio ambiente. Deste modo, a incineração foi considerada mais preocupante do que o esgotamento do estoque dos produtos pelos órgãos.
A instituição declarou ainda que o método é, "normalmente, a medida adotada nas decisões de banimento de agrotóxicos por agências regulatórias internacionais" e que é o mesmo processo adotado em casos anteriores no Brasil.
Cada tipo de uso do carbendazim tem um prazo diferente para o seu banimento:
importação dos produtos técnicos (a matéria-prima) e formulados (agrotóxicos derivados do carbendazim) - imediatamente;
fabricação de produtos técnicos - imediatamente;
utilização de produtos formulados com tecnologias de aplicação manual costal, semiestacionária, estacionária e por tratores de cabine aberta - imediatamente;
fabricação dos produtos formulados - 3 meses;
comercialização dos produtos formulados - 6 meses;
exportação de produtos técnicos e formulados - 12 meses.
Depois que os prazos terminarem, as empresas terão que providenciar, em até 2 meses, a destinação adequada de eventuais produtos técnicos e formulados que sobraram e, a partir daí, terão 3 meses para informar à Anvisa sobre o que foi feito com eles.
Leia também:
Quem criou o termo 'agrotóxico' e por que não 'pesticida' ou 'defensivo agrícola'
Como reduzir a chance de ingerir agrotóxicos nos alimentos, segundo especialista
A Anvisa apontou que a definição dos prazos e o processo de descontinuação levou em consideração o tratamento industrial de sementes para atender a safra de verão que se inicia em julho, além do plantio das culturas de verão que se encerra, de maneira geral, entre os meses de fevereiro e março.
Assim, os produtos já adquiridos pelos agricultores e indústrias do setor podem ser utilizados até o seu esgotamento e respeitando a validade do agrotóxico.
Por que a produção de alimentos depende tanto de agrotóxicos?
4 pontos sobre o PL dos Agrotóxicos
De onde vem o que eu como: morango

Fonte: https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2022/08/09/anvisa-mantem-banimento-de-agrotoxico-cancerigeno-mas-descontinuacao-sera-gradual.ghtml


Link
Notícias Relacionadas »
Mande sua denuncia, vídeo, foto
Atendimento
Mande sua denuncia, vídeo, foto, pra registrar sua denuncia