09/08/2022 às 09h43min - Atualizada em 09/08/2022 às 11h31min

Inflação acumula alta de 10,07% em 12 meses; especialista dá dicas para poupar e proteger investimentos

Além do encarecimento dos preços de bens básicos, um cenário como esse torna ainda mais difícil a missão de poupar dinheiro e corrói essas reservas, diz Edson Teixer, da IRKO

SALA DA NOTÍCIA Da Redação
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Influenciada pela redução nos preços dos combustíveis e da energia, a inflação oficial do país caiu em julho. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA registrou queda de 0,68% no mês passado, a primeira redução de preços desde maio de 2020. 

No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação segue acima de dois dígitos, a 10,07%. Em 2022, a variação até julho é de 4,77%. De acordo com a pesquisa Focus, do Banco Central, o índice deve fechar 2022 em 7,11%, acima do teto da meta oficial, de 5,0%.

“Além do encarecimento dos preços de bens básicos, que limita o poder de compra dos brasileiros, um cenário como esse tem ao menos dois outros efeitos negativos: ele torna ainda mais difícil a missão de poupar dinheiro; e corrói essas reservas”, afirma Edson Teixer, sócio-diretor da IRKO no Rio de Janeiro e professor do IBMEC-RJ.

De acordo com ele, os investimentos podem ajudar a combater esse efeito sobre a renda das famílias. “Com a taxa básica de juros, a Selic, a 13,75% ao ano, há opções que valem a pena para todos os perfis de investidor, do mais conservador àquele com baixa aversão a risco – e com prazos diversos”, diz.

Confira as dicas do especialista para poupar mesmo diante da inflação alta e escolher o melhor investimento para seus objetivos.

  1. Como poupar no atual cenário econômico

O sócio da IRKO afirma que, embora a corrosão da renda torne mais difícil o exercício de poupar, algumas dicas podem ajudar. A primeira delas é acompanhar de perto suas finanças, colocando na ponta do lápis o que entra e sai da conta todos os meses. 

“Há duas receitas possíveis para que sobre dinheiro no fim do mês. Uma delas é aumentar as entradas (obtendo, por exemplo, uma segunda fonte de renda); a outra, reduzir os gastos. Para quem não tem condições de optar pela primeira, o ideal é calcular todos os ganhos e despesas para entender onde é possível cortar”, afirma.

Sempre que possível, ele ressalta, tente separar a quantia a ser poupada já no início do mês, quando receber o salário. “Defina quanto quer economizar por mês (sejam 10% da renda ou R$ 50) e exclua essa quantia do dinheiro disponível. Aliás, de preferência, não o deixe visível – separe em outra conta ou invista.”

Ele lembra que as instituições financeiras são obrigadas pelo Banco Central a oferecer opções de conta corrente sem tarifas, o que pode ajudar no esforço de separar as reservas do restante do salário.

  1. A poupança é uma boa opção para quem conseguiu economizar recursos?

A resposta curta, segundo o especialista, é não. Com rendimento de 6,17% ao ano mais a variação da TR (Taxa Referencial), a caderneta de poupança não oferece nem metade da taxa Selic como ganho  – além de não compensar a inflação do período, fazendo com que, na prática, o investidor perca dinheiro ao longo do ano.

“Isso porque é preciso descontar a inflação de qualquer rendimento para entender qual foi o ganho real daquela aplicação. Se a poupança rende cerca de 6,2% ao ano, e a inflação prevista é de 7,11% em 2022, isso significa que, ao final de 12 meses, as economias do investidor perderam 0,91% de valor”, afirma Teixer.

Ele afirma que, no caso de famílias que prefiram deixar o dinheiro em conta, permitindo a utilização dos recursos no momento em que ela for necessária, é possível escolher instituições que ofereçam rendimento acima da poupança na conta corrente. 

“Hoje, já há bancos que oferecem a rentabilidade do CDI [taxa de juros bancária que acompanha a Selic] na conta – subtraindo os percentuais de Imposto de Renda e IOF”, diz.

Se a opção for por uma instituição financeira de pequeno ou médio porte, ele orienta o investidor a fazer um aporte dentro do limite coberto hoje pelo Fundo Garantidor de Crédito, o FGC, de até R$ 250 mil por CPF.

  1. Onde, então, aplicar o dinheiro para fugir dos efeitos da inflação?

Teixer explica que, embora os investimentos de renda fixa estejam bastante atrativos atualmente, em razão da alta dos juros, a escolha pelo tipo de aplicação deve sempre levar em conta dois fatores: o perfil do investidor e o prazo no qual pretende utilizar a quantia.

“A primeira coisa a ter em mente é: o que serve para o seu familiar ou amigo não vai ser necessariamente bom para você. Leve em consideração os seus objetivos e seu nível de tolerância ao risco para escolher onde aplicar”, afirma.

Mas existe um investimento mais propício? Ele afirma que sim. “Hoje, em razão do cenário que estamos vivendo, os investimentos em renda fixa são mais propícios, uma vez que pagam rendimentos bastante atrativos com baixo risco.”

Atualmente, os mais procurados são os títulos (privados ou públicos) pós-fixados, ou seja, que pagam uma taxa fixa mais um indicador, como a Selic ou o IPCA. “Os papéis do Tesouro Direto ou CDBs vinculados ao índice de inflação são os mais indicados para quem quer garantir sempre um rendimento real, já que compensam a inflação e ainda oferecem uma taxa fixa”, diz.

“Além disso, é preciso também pensar no que o investidor pretende fazer com o dinheiro, e quando. Obviamente, todo e qualquer investimento, seja ele de renda fixa ou variável, pagará maiores rendimentos em prazos mais longos. Mas isso nem sempre é vantajoso para todo mundo”, afirma.

Teixer lembra que, para alguns títulos de renda fixa, como por exemplo o Tesouro IPCA ou Tesouro pré-fixado, a rentabilidade acordada no momento da compra só será mantida se o resgate for feito na data de vencimento do papel. “E se eu precisar resgatar antes, o que acontece? Esses títulos têm precificação diária, ou seja, seu preço varia dia a dia. E, no momento da venda, essa cotação do título pode estar inferior àquela que o investidor pagou para adquirir aquele título – causando perdas.”

Ainda é preciso levar em consideração que há incidência de Imposto de Renda sobre os rendimentos, na modalidade regressiva. Assim, quanto mais longo for o investimento, menor será a incidência de imposto.

4.   E a renda variável? É uma opção para o momento atual?

O sócio da IRKO afirma que a renda variável sempre será um excelente investimento para quem tem perfil mais arrojado e para quem procura uma aplicação de longo prazo. 

“Atualmente, o investimento em Bolsa ou em outras aplicações dessa modalidade vem sendo menos explorado – em razão da alta taxa de juros e do baixo risco da renda fixa. Para quem tem um perfil um pouco mais tolerante ao risco, contudo, o cenário está muito bom para a renda variável, já que os ativos estão muito baratos”, diz.

“Na Bolsa brasileira, por exemplo, há muitas ações cujos preços estão bastante descontados em relação ao que a empresa efetivamente vale. Assim, existem grandes oportunidades para aqueles investidores que têm o longo prazo em mente.”

Ele recomenda, no entanto, pesquisar as opções disponíveis e consultar um especialista antes de iniciar as aplicações, garantindo a segurança dos investimentos e melhores retornos.


 


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