09/08/2022 às 10h23min - Atualizada em 09/08/2022 às 11h30min

Dislexia: diagnóstico precoce permite intervenção mais eficaz

Quanto mais tardio o diagnóstico, maiores os impactos na aprendizagem e as consequências emocionais

SALA DA NOTÍCIA Priscila Nishimori
Pexel by Pavel Danilyuk
Transtorno específico da aprendizagem de origem neurobiológica, a dislexia é caracterizada pela baixa habilidade de decodificação, o que pode gerar dificuldades na compreensão leitora e afetar a aprendizagem da linguagem escrita. No Brasil, estima-se que mais de 7,8 milhões de pessoas, o que equivale a 4% da população, tenham dislexia e experimentem dificuldades na leitura. A falta de acesso a serviços especializados de saúde e a desinformação das famílias e das escolas são algumas das razões que atrapalham o diagnóstico precoce e levam ao impacto na aprendizagem, segundo dados do estudo “Perfil do Transtorno Específico da Aprendizagem no Brasil”, conduzido pelo Instituto ABCD, com apoio da Cisco e do Instituto IT Mídia. 
 
O impacto emocional foi apontado como um fator agravante do quadro de dificuldades apresentado por crianças e jovens. Cerca de 80% das famílias entrevistadas, relataram impacto emocional negativo do TEAp (Transtorno específico da aprendizagem) em seus filhos, tais como tristeza, ansiedade e baixa autoestima – porcentagem muito superior aos dados gerais da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estima que 20% das crianças e dos adolescentes tenham algum problema de saúde mental. Adicionalmente, das pessoas adultas com TEAp que responderam ao questionário, mais da metade (59,1%) relatou ter problemas emocionais decorrentes disso e 77% citaram sofrer com problemas na vida pessoal ou profissional.
 
A dislexia afeta as habilidades de leitura e escrita, inclusive nos adultos. Os sintomas incluem a persistência de erros ortográficos como trocas, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas, além da dificuldade na compreensão leitora. A boa notícia é que, mesmo sendo uma condição considerada persistente, com intervenção adequada, é possível desenvolver estratégias para lidar com a dificuldade. “Um adulto disléxico já foi uma criança com dislexia. Por isso, é fundamental o diagnóstico e a intervenção precoce. Na infância, o cérebro da criança é mais maleável e isso torna a intervenção mais eficaz”, defende Juliana Amorina, fonoaudióloga e diretora-presidente do Instituto ABCD.
 
O acesso ao diagnóstico é imprescindível: quanto mais tardio, maior o impacto na aprendizagem e as consequências emocionais. A identificação precoce para início imediato da intervenção e do apoio educacional é a abordagem recomendada também por associações internacionais, como a International Dyslexia Association e a British Dyslexia Association.
 
A avaliação da dislexia geralmente é feita por uma equipe multidisciplinar, que pode ser constituída por psicólogo, neuropsicólogo, fonoaudiólogo, médico (pediatra, neuropediatra, neurologista e/ou psiquiatra) e psicopedagogo. Para que a avaliação multidisciplinar funcione, é fundamental que a equipe se reúna e compartilhe os resultados das avaliações especializadas, chegando a uma conclusão representativa das áreas investigadas. “A vantagem da equipe multidisciplinar é garantir uma avaliação integral, em que cada profissional contribui com entendimentos e olhares específicos de sua área de conhecimento”, comenta Juliana. 
 
Apoio da tecnologia para o diagnóstico 
 
Para auxiliar na identificação de possíveis sinais de dislexia, o Instituto ABCD desenvolveu, em parceria com a Cisco, o Instituto IT Mídia e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o EspaçoEduEdu Dislexia, uma área destinada ao TEAp dentro do aplicativo do Instituto, o EduEdu. O Espaço EduEdu Dislexia disponibiliza informações importantes sobre o TEAp, como os principais sintomas, recomendações para famílias e educadores e orientações sobre como procurar o diagnóstico, e ainda oferece uma triagem gratuita para identificar o risco para dislexia em crianças. “É importante ressaltar que, caso a triagem indique risco para dislexia, é fundamental realizar uma avaliação com profissionais qualificados. O teste disponível no aplicativo é apenas um primeiro passo, não é um diagnóstico”, afirma Juliana.  
 


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