09/08/2022 às 08h22min - Atualizada em 09/08/2022 às 09h00min

Com mudanças em impostos sobre combustíveis, BC sinaliza 'ênfase' à inflação em 2024 para fixar juro

Com isso, Copom indica que a meta de inflação pode ser superada pelo 3º ano seguido no ano que vem. BC também avaliou que alta de gastos pode pressionar a inflação e citou aumento da probabilidade de uma desaceleração da atividade global mais pronunciada.

G1
https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/08/09/com-mudancas-em-impostos-sobre-combustiveis-bc-sinaliza-enfase-a-inflacao-em-2024-para-fixar-juro.ghtml
Com isso, Copom indica que a meta de inflação pode ser superada pelo 3º ano seguido no ano que vem. BC também avaliou que alta de gastos pode pressionar a inflação e citou aumento da probabilidade de uma desaceleração da atividade global mais pronunciada. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta terça-feira (9) que observou que as projeções de inflação para os anos de 2022 e 2023 estavam sujeitas a "impactos elevados associados às alterações tributárias", referindo-se às mudanças nos impostos sobre combustíveis e energia elétrica.
Essas medidas reduzem a inflação neste ano, mas pressionam os preços para 2023.
A informação consta na ata da última reunião do Copom, ocorrida na semana passada, quando a taxa básica de juros da economia brasileira avançou para 13,75% ao ano no 12º aumento consecutivo. A Selic atingiu o maior patamar desde novembro de 2016.

Por conta dessas mudanças nos tributos, o BC informou que optou por "dar ênfase à inflação acumulada em doze meses no primeiro trimestre de 2024, que reflete o horizonte relevante [para definição da taxa de juros]".
Entenda
Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central reduz a Selic.
Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação nos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.
Até então, a instituição indicava que buscava, na definição dos juros básicos da economia, o cumprimento da meta de inflação do ano que vem.
Porém, na ata da reunião realizada na semana passada, o Copom informou que está centrando seus esforços, ao definir o nível da taxa de juros, olhando para a inflação em 12 meses até março de 2024.
Com isso, o BC indica que a meta de inflação pode ser superada em 2023 pelo terceiro ano seguido. Em 2021, a inflação oficial somou 10,06%, acima da meta de inflação. E, recentemente, o próprio BC admitiu oficialmente estouro da meta de inflação para o ano de 2022.
Aumento de gastos em ano eleitoral
O Banco Central também manifestou preocupação, na ata da última reunião do Copom, com o aumento de gastos em ano eleitoral promovido por meio da PEC Kamizaze — que que driblou a lei e turbinou benefícios sociais.
De acordo com a instituição, políticas temporárias de apoio à renda devem trazer estimular o consumo por parte da população. Argumentou, ainda, que o "prolongamento" de tais políticas "pode elevar os prêmios de risco do país" (aumentando as taxas de juros ainda mais) e as expectativas de inflação à medida que "pioram a trajetória fiscal' - o resultado das contas públicas.
"O Comitê pondera que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário", informou.
Os dois candidatos mais bem posicionados nas eleições deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL), e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), indicam que querem manter o Auxílio Brasil em R$ 600 no próximo ano, uma das medidas da PEC Kamikaze.
Desaceleração da economia mundial
Por outro lado, o Banco Central também avaliou que houve um aumento da probabilidade de uma "desaceleração da atividade global mais pronunciada", o que contribuiria para conter as pressões inflacionárias no mundo e, consequentemente, na economia brasileira também.
No Brasil, o Copom informou que continua estimando que a "atividade deve desacelerar nos próximos trimestres, quando os impactos defasados da política monetária [elevações das taxas de juros dos últimos anos] se fizerem mais presentes".

Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/08/09/com-mudancas-em-impostos-sobre-combustiveis-bc-sinaliza-enfase-a-inflacao-em-2024-para-fixar-juro.ghtml


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