23/07/2018 às 10h15min - Atualizada em 23/07/2018 às 10h15min

Poder feminino na Copa: primeira-ministra britânica boicota, mas presidente croata vira sensação

Bernardo Mello, enviado especial

Agência O Globo -
Agência O Globo -

MOSCOU - Duas mulheres estão no comando de Inglaterra e Croácia, países que estarão em lados opostos na segunda semifinal da Copa do Mundo, nesta quarta-feira, às 15h (de Brasília), em Moscou. Assim como as duas seleções apresentaram modelos de jogo distintos, a primeira-ministra britânica Theresa May e a presidente croata Kolinda Grabar-Kitarovic tiveram abordagens opostas no torneio deste ano, disputado na Rússia.

May e a família real britânica não viajaram à Rússia para nenhum jogo da surpreendente campanha da Inglaterra nesta Copa. O boicote não veio de surpresa: foi anunciado antes do Mundial pelo governo britânico, por conta da tensa relação diplomática com a Rússia atualmente. Os dois países tiveram atritos no Conselho de Segurança da ONU em abril, a dois meses da Copa, por conta da decisão britânica de apoiar um bombardeio na Síria.

A relação já tinha azedado em março, quando o ex-espião russo Sergei Skripal foi alvo de envenenamento em Salisbury, na Inglaterra. Autoridades russas e inglesas trocaram acusações e tentaram jogar a responsabilidade para o outro lado. Na época, May expulsou mais de 20 diplomatas russos da Inglaterra e convocou aliados na Europa Ocidental a fazerem o mesmo. A Rússia, em retaliação, expulsou quase 60 diplomatas de mais de 20 países. Com a relação desgastada, nenhuma autoridade de alto escalão britânica visitou as partidas da Inglaterra, assistidas apenas pelo embaixador Laurie Bristow e, na primeira fase, pela vice-chefe de missão Lindsay Skoll.

Já a presidente croata fez o contrário. Kolinda Grabar-Kitarovic não só foi a todas as partidas da Croácia nesta Copa, como também viu a maioria de arquibancada, junto com torcedores comuns. Mais do que isso: segundo a imprensa croata, Kolinda tirou alguns dias de licença não remunerada, pagou a passagem do próprio bolso e viajou à Rússia de classe econômica. Em imagens que circularam pelas redes sociais, a chefe de Estado croata aparece na arquibancada dos estádios durante os jogos, vestindo o uniforme quadriculado da seleção.

Depois da vitória sobre a Rússia, nos pênaltis, e a classificação para a semifinal na Copa, Kolinda foi além: desceu para o vestiário e comemorou a classificação entre os jogadores.

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Aquele foi o único jogo em que a presidente croata cedeu ao protocolo e assistiu na tribuna de honra, ao lado do presidente da Fifa, Gianni Infantino, e do primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev. Mas como protocolo demais não combina com ela, Kolinda aproveitou a companhia para tirar sarro com Medvedev após os gols croatas, levando as redes à loucura.

Na semifinal desta quarta-feira, porém, há algo que une May e Kolinda: nenhuma delas estará no estádio Lujniki, em Moscou. May, é claro, por conta do boicote. E Kolinda teve que deixar a Rússia para participar da cúpula da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em Bruxelas, na Bélgica, que começou justamente nesta quarta.

May, que também participa da cúpula, recebeu de Kolinda uma camisa da seleção croata com seu nome e o número 10 às costas. A presidente da Croácia também presenteou Donald Trump, dos EUA.

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A participação na cúpula da Otan trouxe, no entanto, um "problema" para Kolinda: a programação do evento aponta um jantar entre chefes de Estado praticamente no mesmo horário em que Inglaterra e Croácia estarão entrando em campo. Vai ser possível torcer pela seleção croata desta vez?

- Estarei com eles de coração e acharei algum jeito de carregar as cores do meu país. Vestir o uniforme não seria adequado, mas ele estará ao meu lado - disse a presidente da Croácia, em declarações reproduzidas pelo portal "Jutarnji Vijesti". - Desta vez não estarei presente, mas estou com eles no meu coração. E espero ir à final.

Desta vez, a primeira-ministra britânica mostrou que também está no clima da Copa: na véspera, ao chegar a Bruxelas, entregou uma camisa da seleção inglesa a Andrej Plenkovic, primeiro-ministro da Croácia.

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