23/07/2018 às 10h15min - Atualizada em 23/07/2018 às 10h15min

O polivalente De Bruyne cresce como expoente do futebol moderno e é a aposta da Bélgica contra a França

Bernardo Mello e Carlos Eduardo Mansur

Agência O Globo -
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São Petersburgo - Se o futebol jamais fecha portas a jogadores especialistas, com extremo talento para executar tarefas específicas, é fato que existe, hoje, uma busca pelo atleta completo. O multifuncional tornou-se precioso em especial no meio-campo. Se a versatilidade aliar-se a enorme capacidade técnica, vale ouro. Um destes é Kevin de Bruyne, de 27 anos, cuja trajetória é o retrato da construção do tal “meio-campista total”. É em seu talento que a Bélgica aposta para chegar a uma inédita final de Copa, hoje, às 15h (de Brasília), contra a França.

Ontem, uma sala de imprensa lotada esperava o belga, esta espécie de jogador-modelo do futebol atual. Em seis anos, desde a saída do Genk para o Chelsea — ele era visto, então, como um mero “ponta veloz” —, seu valor de mercado multiplicou-se por seis. Em 2015, o Manchester City desembolsou o equivalente a R$ 285 milhões para contratá-lo.

A Copa do Mundo é uma demonstração do que Kevin de Bruyne se tornou. Começou o torneio como volante. Contra o Brasil, jogou como um “falso 9”, iniciando a jogada na linha dos atacantes, centralizado, mas retornando para ocupar espaços e iniciar contragolpes.

Uma polivalência que também surge fora dos gramados. Na coletiva de ontem, o “Baby Face” (“Carinha de bebê”, em tradução livre), como é conhecido na Inglaterra, exibiu sua fluência em holandês, francês e inglês. Fala também alemão.

Sua mãe, Anna, uma engenheira, nasceu no Burundi, o que tornaria o meia elegível para defender a nação africana. Mas a opção foi pela Bélgica, país de nascimento, que De Bruyne tratou como “favorita ao título” na chegada à Rússia.

— Não foi por arrogância. Temos um ótimo time, mas há outros que podem ser campeões também — desconversou, agora, com a possibilidade de título cada vez mais real.

A camisa 9 às costas é um raro ponto em comum nas trajetórias de Olivier Giroud, da França, e Romelu Lukaku, da Bélgica, nesta Copa do Mundo. Com quatro gols em quatro partidas, o atacante da seleção que eliminou o Brasil é uma das sensações do torneio. Já o francês, que passou em branco até agora, dificilmente será lembrado como candidato a herói quando as duas equipes entrarem em campo.

Discretamente, porém, Giroud, de 31 anos, tem papel importante a cumprir no time francês. Diferentemente do que se espera de um camisa 9, ele tem se concentrado em criar as condições para que colegas talentosos, como Griezmann e Mbappé, encontrem o caminho. Giroud já encaixou 16 “passes-chave” — classificação da Fifa para passes que geram chances de gol —, quase o dobro dos nove de Lukaku.

— Você percebe a importância de Giroud para o time quando ele não está lá — refletiu o técnico da França, Didier Deschamps.

Mesmo tendo atuado em uma partida a mais do que o belga, poupado na última rodada da fase de grupos, o francês teve menos oportunidades de marcar: foram oito chances de gol contra 13 de Lukaku. A discrição de Giroud em campo, porém, contrasta com seu papel entre os mais jovens.

— Talvez você não me encontre jogando PlayStation com esses caras, mas eu me sinto como uma espécie de irmão mais velho para eles — afirmou o atacante.


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