Moscou - Entender como a Inglaterra chegou às semifinais da Copa do Mundo depois de 28 anos passa pelo trabalho de Gareth Southgate nas divisões de base da seleção antes de assumir a principal. A análise crua de seu retrospecto desde setembro de 2016 jamais seria capaz de credenciar os ingleses às finais da Copa do Mundo. Não à toa a descrença era grande após fracassos recentes como eliminação para a Islândia, nas oitavas de final, da Euro-2016; na primeira fase do Mundial de 2014; e nas quartas de final, nos pênaltis para a Itália, na Euro-2012.
O conhecimento empírico do técnico das novas caras do futebol lhe deu bagagem para bancar alguns nomes. Como o do goleiro Jordan Pickford, que ficou com o lugar do veterano Joe Hart. As atuações dos jogadores em seus clubes corroboraram com as convocações sem muita gritaria da imprensa. Afinal quem seria contra o artilheiro Harry Kane, que já marcou seis gols na Copa e artilheiro do Tottenham.
Southgate trabalhou com boa partes deles (Dele Alli, John Stones, Eric Dier) na seleção sub-21. Conquistou o Torneio de Toulon há dois anos, pouco antes de assumir a equipe principal. Também foi por um ano e meio o chefe de desenvolvimento de elite da federação inglesa. Seu papel era supervisionar os talentos e ajudar no desenvolvimento deles.
Em campo, vê-se a relação próxima entre chefe e comandados. Após a classificação às semifinais, o treinador abraçou cada jogador e ainda bateu um papo com Kane, que passou em branco contra a Suécia.
- Acho que o grande trunfo é a união incrível deste grupo - disse o volante Eric Dier, companheiro de Kane no Tottenham.
Não é possível ignorar o caminho feito por Southgate desde outubro de 2016. Mesmo no mundo globalizado, ainda há as grandes seleções e aquelas sem expressão mundial. Quando valia pontos, fosse nas eliminatórias ou na primeira fase da Copa do Mundo, os ingleses não foram realmente testados.
Em sete amistosos contra grandes seleções, só venceu a Holanda, por 1 a 0. Perdeu para os alemães, e para os franceses, forte candidatos à final da Copa.
Até aqui, a Colômbia foi o principal confronto, quando encerrou o tabu de não vencer nos pênaltis. Diante da Croácia, com um futebol irregular mas de potencial técnico, a Inglaterra terá o teste decisivo para saber se Southgate realmente resgatou o futebol inglês.