19/01/2022 às 14h46min - Atualizada em 21/01/2022 às 00h01min

Os impactos da pirataria de livros e do fornecimento alternativo no mercado editorial brasileiro

Book Advisor explica como ampliar o combate a essa prática criminosa

SALA DA NOTÍCIA Verônica Garcia
Ilustração

De acordo com pesquisa da ‘Fato & Versão’ -- plataforma compartilhada de conteúdo jornalístico - nas redes sociais, que contou com 207 respostas, 81,1% dos leitores responderam que pirateiam ou já piratearam livros por não terem dinheiro para comprá-los.

Para Eduardo Villela, book advisor e profissional com mais de 16 anos de experiência no mercado editorial, “a raiz do problema não é o preço do livro, mas sim que ele ainda não é considerado um bem de primeira necessidade por boa parte da população brasileira. Ele ainda é visto como um produto acessório, não é percebido por muitas famílias como prioritário para a formação educacional e cultural de seus membros”.

Também nessa questão, existe a discussão sobre os sites e plataformas que disponibilizam materiais alternativos aos livros em si, como resumos e versões alternativas. Recentemente, esse formato também foi alvo de ações da Justiça, que, por exemplo, ordenou a retirada de capas e títulos de obras conhecidas do acervo do aplicativo 12 minutos. Um dos questionamentos que surgem a partir desse modelo, além do caso da venda da obra, é o pagamento de direitos autorais, que pode não acontecer pois os responsáveis pela disponibilização do material alegam que seus conteúdos se tratam de opiniões e análises.

A população que consome ou distribui os livros de maneira ilegal esquece que existe um investimento enorme de tempo, esforço, energia e dinheiro para criação de um livro. “A pirataria existe e é crime! É um roubo como qualquer outro. Quando se faz o download de um livro em um site irregular, a pessoa está roubando um conteúdo, desvalorizando e desrespeitando o trabalho do autor, além de prejudicar toda uma cadeia de profissionais que trabalham nas livrarias, editoras e gráficas. Outro problema sério da pirataria é que ela acaba reduzindo o número de novos livros lançados: se os milhares e milhares de downloads ilegais não ocorressem, as vendas de livros seriam maiores e as editoras teriam condições de ampliar a oferta de novos títulos no mercado. Todo mundo perde e isso é lamentável, pois são muitos leitores que deixam de ter acesso a novos conteúdos, empregos são perdidos e colocados em risco.”, enfatiza o book advisor.

O que pode ser feito para coibir essa reprodução de conteúdo ilegal?

A Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) é uma entidade focada em combater a pirataria de livros. O próprio autor ou editora e até mesmo o leitor que respeita as leis pode denunciar.

“Hoje, as editoras têm um controle muito mais preciso para reprimir a reprodução de conteúdo ilegal em relação ao passado, mas é preciso que a sociedade civil se engaje nessa luta para coibir essa prática. Todos nós precisamos estar conscientes e conscientizar nossos familiares e amigos”, completa Eduardo Villela.

Cabem aos espaços literários, como bibliotecas públicas e privadas, livrarias e eventos como as feiras de livros, assim como as entidades representativas de editores, livreiros e gráficas atuarem de forma conjunta com campanhas de conscientização em suas redes sociais. Eduardo acredita que “deveria existir um fundo de combate à pirataria formado com recursos de todas as instituições que compõem o mercado editorial. Há também ações de baixo investimento que podem trazer bom engajamento e resultados positivos, como a produção de vídeos educativos para serem publicados em seus canais de redes sociais. As próprias editoras devem também incentivar seus autores a fazerem o mesmo, postando conteúdo a respeito em seus canais.”.

Outro caminho seria colocar em uma página inteira, dentro do próprio livro, uma explicação didática sobre os danos causados pela reprodução ilegal do conteúdo, o que fazer para realizar uma denúncia, assim como trazer informações resumidas e acessíveis sobre os dispositivos legais.

Eduardo Villela finaliza dizendo que “a tecnologia de segurança está se aprimorando a cada lançamento e a vigilância das editoras é cada vez maior. Além disso, o caminho para fazer a denúncia e receber uma ação também avançou: a ABDR tem feito um bom trabalho para combater a pirataria. Porém, enfatizo que, para conseguirmos vencer essa batalha contra a pirataria, é preciso uma atuação conjunta de toda a cadeia do livro e uma participação ativa de autores e leitores.

Eduardo Villela é Book Advisor. Assessora pessoas, famílias e empresas na escrita e publicação de seus livros. Trabalha com escrita e publicação de livros desde 2004. Já lançou mais de 600 livros de variados temas, entre eles comportamento e psicologia, gestão, negócios, universitários, técnicos, ciências humanas, interesse geral, biografias/autobiografias, livros de famílias e ficção infantojuvenil e adulta.


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