17/07/2018 às 08h30min - Atualizada em 17/07/2018 às 08h30min

Título da Copa levanta moral da França, mas pouco ajuda economia

Crescimento econômico no país, no entanto, já retomou ritmo de expansão perto de 2%

Agência O Globo -
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AFP/Arquivos

PARIS - A vitória da França na Copa do Mundo deu ao país um impulso moral muito necessário após uma década de melancolia provocada por ataques terroristas e uma economia sem brilho. Apesar de o momento de bem-estar estar unindo o país de uma forma antes vista apenas em eventos trágicos, não se deve esperar que isso se traduza em algo concreto, advertiram os economistas. A vantagem é que a economia francesa já entrou em uma fase melhor, com crescimento perto de 2%.

— A vitória gerará um claro impacto na coesão social na França: ela une as pessoas, cria um sentimento de união nacional — disse Nathalie Henaff, pesquisadora do departamento de estudos sobre Economia do Esporte da Universidade de Limoges. Os franceses terão um consumo diferente, passarão mais tempo ao ar livre para comemorar, mudarão o comportamento por algum tempo, por isso vamos ver uma transferência do consumo. No caso da economia, a diferença será marginal. Fica tudo igual.

O momento, no entanto, já é de aquecimento na economia francesa. Após anos de uma expansão mais fraca, o crescimento retomou em 2017 um ritmo maior, perto dos 2%, que segundo estimativa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) deve se manter em 2018 e 2019. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9%, após taxa de 1,2% em 2017. Para 2018 e 2019, a projeção da OCDE também é de expansão de 1,9%.

 

A reação é puxada por uma forte confiança do empresariado e pela demanda externa. Fatores como redução gradual dos impostos para empresas e condições de crédito devem ajudar o cenário. Outro estímulo vem do mercado de trabalho: a expectativa é que a redução dos impostos trabalhistas e as reformas na legislação ajudem a encorajar a criação de emprego e impulsionar o consumo das famílias.

Para além dos anos de 2018 e 2019, o crescimento econômico a médio prazo vai depender da continuidade das reformas estruturais para melhorar as habilidades profissionais dos trabalhadores e reduzir a segmentação do mercado de trabalho.

Durante toda a noite, torcedores alegres agitando as bandeiras azuis, brancas e vermelhas do país gritaram, buzinaram e comemoraram nas ruas depois que a seleção foi coroada campeã mundial de futebol. Na emblemática avenida Champs-Élysées, em Paris, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de jovens que vandalizaram o conhecido edifício “Drugstore”, informou a Agence France-Presse.

Cantando a Marselhesa, o hino nacional, no metrô de Paris, em cafés e por todas as partes, as pessoas se beijavam, abraçavam e aplaudiam. Eles cantaram “I Will Survive”, que também foi o tema da vitória de 1998, quando a França conquistou pela primeira vez o título no esporte mais popular do mundo.

O presidente francês Emmanuel Macron comemorou quando a vitória foi declarada e depois beijou Kylian Mbappé na cabeça para parabenizar o melhor jovem jogador do torneio. Sob forte chuva no pódio ao lado do russo Vladimir Putin e da croata Kolinda Grabar-Kitarović, Macron abraçou o técnico da França, Didier Deschamps, e beijou o troféu de ouro antes de os jogadores cantarem “we are the champions”.

“Les Bleus”, como a seleção francesa é chamada por causa de sua camisa azul, voltou da Rússia nesta segunda-feira com o troféu de 6 quilos de ouro puro. Milhões de pessoas deverão saudar a seleção com seus atacantes Mbappé, de 19 anos, Paul Pogba e Antoine Griezmann, durante desfile na Champs-Élysées.

— Vocês colocaram o coração nisso, vocês deixaram o país orgulhoso — disse Macron aos jogadores no vestiário após o jogo. — Há 66 milhões de franceses esperando por vocês, muitos deles jovens. Vocês são um exemplo para o país.

 

A França venceu a Croácia por 4 a 2 no jogo de domingo, no estádio Lujniki, em Moscou. No caminho até a final, os franceses venceram seleções como Argentina, Uruguai e Bélgica. A Croácia garantiu a vaga na final contra a Inglaterra e eliminou a Rússia, o país anfitrião.

— No passado, os franceses só mostraram essa união nacional após eventos trágicos, como ataques terroristas — disse Bernard Sananès, chefe do instituto de pesquisas Elabe. — Este é um momento feliz, um momento positivo pelo qual ansiavam.


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