16/07/2018 às 18h00min - Atualizada em 16/07/2018 às 18h00min

Dado do BC mostra que retomada foi adiada, mas PIB ainda será positivo, dizem analistas

Setores pontuais já esboçam recuperação. Confiança, no entanto, segue abalada por mais tempo, com eleições no radar

Agência O Globo -
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Foto: Divulgação

RIO - A registrada em maio pelo IBC-Br, índice do Banco Central que é espécie de prévia do PIB, sintetizou os impactos da greve dos caminhoneiros que já vinham sendo apontados em indicadores setoriais, como da indústria. Na avaliação de analistas, o dado — que veio um pouco pior que o esperado pelo mercado confirma que a recuperação brasileira pós-crise perdeu força, mas as perspectivas ainda são positivas.

Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria, observa que já há indicadores antecedentes que mostram recuperações pontuais em junho. A produção de veículos, por exemplo, registrou alta de 20,7% no mês passado, frente a maio, revertendo a queda de 20,2% registrada na comparação entre maio e abril.

— Alguns setores são mais sensíveis a ter intensificação da atividade, então conseguimos ver perdas recuperáveis. Além da produção de veículos, vimos a alta do papelão ondulado em junho. Há uma parcela boa para ser revertida — afirma o analista, que projeta crescimento econômico de 1,7% neste ano, previsão que chegou a ser de 2,8% no início do ano.

 

 

 

 

Fábio Silveira, sócio-diretor da Macrosector, também observa oportunidades de recuperação. O câmbio na casa dos R$ 3,80 é boa notícia para exportadores. Além disso, os efeitos da queda de juros ainda podem fazer diferença no bolso de consumidores e no caixa das empresas.

Esses efeitos positivos, no entanto, esbarram na barreira de uma consequência mais duradoura da greve: a confiança dos investidores. Os dois analistas destacam que ainda é difícil estimar como a paralisação afetará o apetite de empresários, o que afetará diretamente o fôlego da recuperação.

— A confiança é um canal de transmissão para a economia crescer menos. Não só a greve, mas a forma com que o governo lidou com a paralisação mostrou sinais da fragilidade do governo, seja pela política de subsídio de diesel, seja pela apressada política de tabelamento de fretes. Traz riscos para a economia porque que abre um precedente para que outras categorias se organizem e tentem fazer pressão — afirma Xavier, que já via sinais de fragilidade da recuperação antes mesmo da greve, como os efeitos da guerra comercial e dos juros sobre a economia brasileira.

Já Silveira, da Macrosector, estima que o ritmo de retomada observado antes da paralisação só voltará a ser observado daqui a seis meses a um ano:

— O que fica dessa greve é o susto, porque talvez ninguém acreditava que a economia teria um impacto dessa ordem. Desorganiza o sistema produtivo de seis meses a um ano. Com o câmbio favorável, a gente volta a ter maior dinamismo, mas sempre limitado a um crescimento de 1,3% neste ano e de 2,5% no ano que vem, até termos um aumento de capacidade instalada que suscite aumento de investimento.

Diante desse cenário, as expectativa se voltam para 2019. Nesse caso, a principal incógnita é o cenário eleitoral. Eduardo Velho, conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo, espera alta de 2,5% no ano que vem, mas esse número pode ser maior ou menor a depender do resultado eleitoral. Nomes mais alinhados com a agenda de reformas e ajuste fiscal tendem, na avaliação dele, a aumentarem a confiança na economia e, consequentemente, investimentos.

— O desfecho do resultado é importante. Será importante ter uma política econômica alinhada com as reformas — pontua.


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