O Farol da Barra foi palco de um protesto contra à violência na Bahia na manhã deste sábado (4). Foram fincadas 220 cruzes em frente ao farol representando as mais de 5 mil mortes violentas de 2020 e o fato de o estado estar ocupando pelo terceiro ano consecutivo o primeiro lugar no ranking de homicídios no país.
"Foram 5.280 mortes violentas na Bahia em 2020. Este ano, o estado lidera o número de homicídios com 4.252 óbitos. No ano passado, foram 3.832 mortes. Há três anos lideramos essa estatística infeliz. Escolhemos para essa manifestação o farol porque é o nosso símbolo maior de alegria, afinal, o Carnaval acontece aqui e queremos alertar os turísticas que a Bahia não é um local seguro para passar as férias", declarou o presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc) Estácio Lopes. Segundo ele, os dados que embasaram o protesto são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Estácio disse ainda que um dos fatores para os números é o sucateamento da Policia Civil. "Falta estrutura, valorização dos profissionais e efetivo - teríamos que ter 11 mil policiais, mas temos apenas 5.500, entre investigadores, escrivães e delegados. Com esse efetivo é impossível investigar e a impunidade gera violência", declarou ele.
Além do Sindpoc, participaram algumas entidades, entre elas o coletivo Incomode, que atua na luta contra o hiperencarceramento e o extermínio da juventude negra do Subúrbio Ferroviário de Salvador. "Vários amigos foram abatidos ao logo desses três anos pela política genocida do estado. Isso porque quando o Estado é mínimo, abre brecha para o tráfico e a letalidade da polícia cresce contra os corpos negros", declarou Nadjane Silva Santos, 28, uma das fundadoras do coletivo.
O CORREIO vem tentando repercutir o protesto com a Secretária de Segurança Pública (SSP), mas até agora não obteve resposta.