15/07/2018 às 05h40min - Atualizada em 15/07/2018 às 05h40min

Escritório durante o dia e bar ou café quando a noite chega

Restaurantes viram espaços de coworking fora do horário de operação

Agência O Globo -
Agência O Globo -
Sam Hodgson/NYT

SÃO FRANCISCO - O bar do Elite Café estava lotado, mas nenhum drinque estava sendo servido. O restaurante estava inundado do barulho de pessoas digitando. Isso porque, nos dias úteis, das 8h30m às 17h, o Elite Café não é restaurante nem bar, mas espaço de coworking, um daqueles escritórios compartilhados que estão se tornando populares entre freelancers, pequenas e até grandes empresas.

Vários estabelecimentos já se transformaram em coworking, como cafeterias e academias. Agora, a onda chegou aos restaurantes, mas só até a hora do jantar

Spacious, a empresa que transformou as mesas do Elite, já converteu 25 restaurantes chiques de Nova York e São Francisco em espaços de trabalho desde sua criação, há dois anos.

Por US$ 99 por mês no plano anual ou US$ 129 no mensal, é possível usar qualquer espaço da Spacious. Com US$ 9 milhões recebidos de investidores em maio, a empresa planeja expandir este ano e chegar a cem locais.

Para a equipe da Spacious, um restaurante é perfeito para a conversão: o bar vira mesas para trabalhar de pé, enquanto as mesas com sofás se tornam salas de conferências. A iluminação tende a ser mais agradável do que a de um escritório, e a música cria um ambiente legal.

Os fundadores da Spacious pensaram, no início, que teriam de vender a ideia aos donos de restaurante. Mas estabelecimentos com dificuldade para pagar aluguel e salários e que estão frustrados com o movimento no almoço buscam a empresa, ansiosos por uma fatia das mensalidades. Só 5% dos restaurantes foram aprovados, diz a Spacious, que ainda não gera lucro.

 

A Spacious é parte de um debate sobre o uso dos espaços em um momento em que as pessoas optam, cada vez mais, por comprar on-line, e os custos tornam os restaurantes um negócio bastante desafiador.

— Espaços de varejo são pensados para você entrar, fazer uma transação e sair, e é por isso que você se sente estranho ficando numa cafeteria o dia inteiro, porque todos esses espaços foram criados para você ir embora — disse Chris Smothers, diretor de tecnologia e um dos cofundadores da Spacious.

Tanya Cheng, que trabalha em e-commerce e usa o espaço do Elite Cafe, concorda:

— Nos cafés, você não pode levar um computador e ficar sentado por oito horas.

Outro restaurante de Nova York que se divide entre as duas atividades é o Crave Fishbar. Por volta das 16h, a equipe do restaurante chega ao local. Nessa hora, é enviada uma mensagem anunciando a última rodada de café e avisando que as extensões serão retiradas.

Alguns locais do Spacious se tornaram quase salas de estar. Samantha Moretti, sócia do restaurante Milling Room, também em Nova York, se surpreendeu ao ver gente até tricotando no espaço.


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