27/11/2021 às 11h03min - Atualizada em 27/11/2021 às 11h03min

Divisão na oposição alimenta vitória chavista em eleições na Venezuela

AB NOTICIAS NEWS
Agência EFE
Reprodução
 Os resultados das eleições regionais do último domingo na Venezuela mostram, a priori, o chavismo como uma potência quase monolítica, mas sua esmagadora vitória foi alimentada pela divisão da oposição, cuja soma de votos dos diferentes partidos mostra que uma coalizão unida teria levado a melhor em vários estados onde o partido governista venceu.

Dos 24 estados da Venezuela, o chavismo ganhou em 19, além da capital Caracas - que tem status especial. Porém, em pelo menos oito a divisão da oposição e a estratégia do partido governista desempenharam um papel importante, de acordo com os resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e o número de candidatos antichavistas que concorreram no mesmo estado.

Enquanto o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolás Maduro, definia como e com quais candidatos concorreria nas eleições, a oposição encarava trocas de acusações entre seus líderes depois de ter tido, há pouco mais de cinco anos, seu bloco mais coeso nos últimos 20 anos, a Mesa da Unidade Democrática (MUD).

DIVIDIR PARA CONQUISTAR.

Os antichavistas têm mostrado cada vez mais suas diferenças nos últimos quatro anos. Desta vez, quando a maioria decidiu participar das eleições, não conseguiu chegar a um acordo sobre um candidato único para cada estado.

No de Táchira, a atual governadora, Laidy Gómez, buscava a reeleição com o apoio da Aliança Democrática, mas a MUD colocou Fernando Andrade na disputa. Com isso, o voto dos antichavistas foi dividido, e a vitória que Gómez poderia ter obtido, de acordo com as porcentagens, ficou com Freddy Bernal, do PSUV.

Bernal obteve 138.717 votos, contra 135.277 de Gómez e 54.960 de Andrade, de modo que se os dois últimos - ambos opositores ao governo de Maduro - fossem somados, superariam os chavistas por 51.520 votos.

Esta situação ocorreu de maneira semelhante nos estados de Bolívar, Falcón e Lara, onde a falta de acordos e acusações entre um partido e outro de oposição, juntamente com a apresentação de várias candidaturas, facilitaram a conquista de mais governos pelo chavismo.

COMO OCORREU O RACHA NA OPOSIÇÃO?.

Depois de conseguir um grande bloco para triunfar nas eleições parlamentares de 2015, a oposição venezuelana perdeu seu caminho quando não conseguiu definir uma estratégia eficaz para retirar o presidente Nicolás Maduro do poder.

Os principais líderes da MUD começaram a se confrontar até a desintegração, e a ruptura definitiva veio em 2019 com acusações de corrupção entre seus membros.

O escândalo que mais marcou a divisão foi o que envolveu vários dos então deputados que alegadamente tomaram providências, de forma desleal, para dar indulgências aos empresários ligados ao chavismo.

ORIGEM DOS "ALACRANES" (ESCORPIÕES).

Desde então, as lideranças dos partidos de oposição mais conhecidos começaram a se referir a esses deputados como "alacranes" ("escorpiões"). De acordo com a oposição, o governo estava desenvolvendo um plano para comprar parlamentares que estavam contra eles.

O antichavismo acabou se dividindo, e os "alacranes" também começaram a acusar o líder opositor Juan Guaidó de corrupção pela gestão de ativos no exterior que ele podia acessar devido ao apoio de vários países, onde esses recursos estavam depositados.

Em meio às desavenças, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) decidiu intervir nos mais conhecidos partidos de oposição - Primeiro Justiça, Ação Democrática, Vontade Popular - e tirou as lideranças de seus quadros tradicionais para entregá-las a ex-militantes acusados de corrupção - ou aos "alacranes".

Assim, a oposição chegou às eleições regionais de domingo fraturada, com diferenças marcantes, insultos, sem acordos, e com a adição de que outro grupo de líderes formou novas alianças e concorreu nas urnas.

TRIUNFO "ARTIFICIAL.

Mas, mesmo sob este cenário que favorece o chavismo, nos últimos anos o partido governista tem sido cada vez mais rejeitado por uma grande parte da população que antes o apoiava e se sentia identificada com o processo proposto pelo falecido presidente Hugo Chávez.

O presidente do instituto de pesquisas Datanálisis, Luis Vicente León, explicou recentemente à Efe que, segundo seus estudos, 76% dos venezuelanos querem mudanças, o que significa que "três quartos dos venezuelanos são opositores de Maduro".

Entretanto, o chavismo acrescentou as disputas entre adversários como outra estratégia para continuar a obter o maior número possível de cargos nas eleições, de modo que a mudança desejada por uma grande parte dos venezuelanos não se reflita no mapa político. 

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