Liderando todas as pesquisas de intenção de votos divulgadas até o momento, Lula é considerado favorito para presidente da República. E isso já é consenso nos meios políticos, ou seja, um assunto já pacificado e sobre o qual pairam poucas dúvidas.
O questionamento recorrente quando se trata de abordar as eleições presidenciais de 2022 é quanto ao nome que, na hipótese (bastante provável, aliás) da disputa desembocar em um segundo turno, deverá enfrentar Lula.
As análises focam se a vaga, que se convencionou chamar de “terceira via”, estará no campo da direita ou da esquerda. Se for alguém da esquerda, o nome mais especulado continua sendo o de Ciro Gomes. Embora venha perdendo espaços com os ataques sistemáticos a Lula.
Na hipótese contrária, se o candidato surgir do arco político e ideológico da direita, o meio de campo – para usar um jargão futebolístico – “embolou” com o surgimento em cena do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Morro – um concorrente que, segundo avaliações e análises, entra com força nas bases bolsonaristas, tirando votos de Jair Bolsonaro, que até agora se mantém em segundo lugar na corrida da qual ele busca a reeleição.
É importante ter isso claro quando o assunto é "terceira via em 2022". Um tema onde o que existe de concreto é o fato que o ex-presidente Lula estará lá, lembrando que o PT terminou todas as eleições desde 1989 em primeiro ou segundo lugar.
O contingente em torno de 40% do eleitorado simpático a Lula dificilmente mudará de opinião até outubro, a disputa se dará principalmente sobre os eleitores que já se desgarraram de Bolsonaro e aqueles que ainda podem abandoná-lo. Esse universo não costuma votar na esquerda, mas na direita.
Enfrentando derretimento popular, Bolsonaro vem encolhendo na direita e não consegue avançar nos contingentes de eleitores simpáticos à pautas sociais. Quando a campanha esquentar e diversos candidatos lembrarem o eleitorado da sabotagem da vacinação, as diversas crises institucionais provocadas por Bolsonaro e a inflação descontrolada, não é difícil imaginar perda adicional de votos. O crescimento do desemprego e da fome que voltou, além do calote no precatório de aposentados, também são questões indigestas para o atual presidente da República.
Correndo por fora, a disputa no PSDB inevitavelmente se dará contra Moro e Bolsonaro pela vaga final no segundo turno. O governador João Doria (SP), fez uma campanha abertamente bolsonarista em 2018. Desde então se distanciou, e seu esforço pela vacina é um trunfo eleitoral.
Já o governador Eduardo Leite (RS) foi menos bolsonarista, mas também correu nesta raia em 2018. Leite aprovou reformas previdenciária e administrativa, além de privatizações, o que pode credenciá-lo como um nome do mercado.
Ainda, entre os nomes de maior peso, tem o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do PSD, já lançado pré-candidato à Presidência da República.
Por falar em Pacheco, ele estará, neste sábado (27), em Cuiabá, onde se reúne com correligionários e concederá entrevista coletiva.