Para mostrar como empresas de todos os tamanhos podem ser parte da solução para a crise climática, a experiência de startups brasileiras focadas em práticas sustentáveis (também chamadas de greentechs, que significa empresas tecnológicas verdes) foi levada aos participantes da COP26.
Uma das ações pensadas no Brasil e que foi apresentada na Escócia é o projeto de “logística reversa inteligente”, promovido pela startup Green Mining desde 2018, e hoje presente em cinco estados e no DF. Usando tecnologia para rastrear, coletar, reciclar e redistribuir embalagens industriais, essa empresa tenta chamar a atenção de grandes produtores de lixo para a necessidade de que sejam adotadas práticas sustentáveis em toda a cadeia de produção.
“Muitas vezes, empresas que se orgulham de tratar muito bem seus funcionários fecham os olhos para o fato de a etapa da reciclagem incluir trabalho em condições completamente precárias, sem proteção e com pagamento irrisório para catadores”, afirma Rodrigo Oliveira, presidente da Green Mining, que age em parceria com cooperativas de catadores comprometidas com boas condições de trabalho e contrata por si mesma ex-catadores, em regime CLT, para atuarem como coletores do material reciclável em determinados locais, como Brasília, São Paulo, Trancoso (BA) e Fernando de Noronha (PE).
“Contratamos pessoas que já têm experiência com o tipo de serviço, mas damos a elas as condições de segurança, equipamentos e salário garantido, independentemente do volume de recicláveis coletados”, completa Oliveira em conversa com o Metrópoles.
A ideia chamou a atenção da Ambev, uma das maiores produtoras de lixo reciclável no país, que incluiu a startup num programa de financiamento possibilitando à empresa atender bares, restaurantes e outros locais, que concentram o descarte de embalagens recicláveis, a fim de evitar que o material vá parar em lixões e aterros.
Dados da empresa mostram que esse esforço já enviou para a reciclagem 2,5 milhões de quilos de embalagens, incluindo 13 milhões de garrafas longneck, e evitou a emissão de mais de 420 mil quilos de CO₂ na atmosfera.
“A importância de se reciclar esse material – e o Brasil ainda recicla muito pouco – é que esses 2,5 milhões de kg puderam voltar para a cadeia de produção, o que quer dizer que 2,5 milhões de kg de matéria-prima não precisaram ser extraídos da natureza por empresas que poluem muito, como as de petróleo, mineração e celulose, que usam maquinário pesado”, argumenta Rodrigo Oliveira.
“Por isso a empresa se chama Green Mining [mineração verde, em português], porque estamos fazendo uma mineração urbana de matéria-prima, evitando que ela se perca”, completa o presidente da startup.