11/07/2018 às 20h50min - Atualizada em 11/07/2018 às 20h50min

Entenda como a Croácia pariu uma campanha em nove meses

Três técnicos no ciclo, classificação no desespero, três prorrogações e uma final aleatória

Agência O Globo -
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Foto: Antonio Bronic / Reuters

Sábado, 6 de outubro de 2017. A seleção da Croácia empatava em casa com a Finlândia em 1 a 1, na cidade portuária de Rijeka. O gol do meia finlandês Soiri saiu aos 44 minutos do segundo tempo e castigava uma seleção com dois craques inegáveis e atletas nas três principais ligas do Velho Mundo, mas que já havia sido derrotada por Islândia e Turquia no grupo das eliminatórias europeias. Obviamente, “trauma”, “crise” e “vergonha” estamparam as manchetes em Zagreb e Split.

No dia seguinte, o presidente da Federação Croata de Futebol (HNS), o ex-centroavante Davor Suker, servia a cabeça do técnico Ante Cacic numa bandeja de prata, enquando Zlatko Dalic era anunciado como substituto para o último jogo da fase, contra a Ucrânia, em Kiev. Que aconteceria dali a dois dias.

Veio a vitória dos (“ardentes”, apelido nacional da seleção croata) por 2 a 0, depois a repescagem se deu contra a Grécia, e o resto é a campanha que terminará dia 15 de julho, em Moscou, na final da Copa do Mundo, contra a França de Griezmann e Mbappé. O resumo da ópera é um triunfo do aleatório, um fator que, em Mundiais, não pode ser desprezado. Em nove meses, a Croácia pariu uma campanha, contrariando todos os manuais. Com talento? Sim. Com garra? Claro. Mas com auxílio da sorte.

Desde que assumiu, o técnico Zlatko Dalic tenta fazer o time funcionar numa formação com Modric mais perto do gol, um esquema que não joga junto há um ano. A rigor, nesta Copa do Mundo, os axadrezados só foram coletivamente brilhantes quando puseram a Argentina na roda no 3 a 0 da primeira fase. No mais, a memória é de lampejos de bom futebol e muito sofrimento em três prorrogações e duas disputas de pênaltis — e Modric, lembre-se, perdeu um.

Antes, o técnico Cacic escalava o craque do Real Madrid ao lado de Rakitic, do Barcelona, numa linha de volantes que parecia lógica, mas que nunca funcionou, nem Cacic, nem com o antecessor, Niko Kovac, demitido em 2015. Em 2014, esse mesmo time era eliminado na primeira fase. Da equipe que despachou a Inglaterra para o aeroporto londrino de Heathrow, só Strinic não estava no grupo que estreou contra o Brasil e perdeu em Itaquera por 3 a 1. Mario Mandzukic, atacante da Juventus e autor do gol desta quarta, estava suspenso.

Quando Brasil e Croácia se enfrentaram em 3 de junho deste ano, no estádio do Liverpool, a Croácia vivia uma fase de reconstrução muito mais atrasada que a verde-amarela, na qual Tite foi capaz de fazer o time funcionar, se classificar e ganhar sem crise, numa eliminatória fraca. Zlatko Dalic não tinha muito o que fazer com a seleção envelhecida de um país de 4 milhões de habitantes. Era aquilo e bola para Modric, para ver se ela chega no gol, ou em Mandzukic.

Em março, perderam por 2 a 0 de um Peru sem Paolo Guerrero e ganharam magramente do México por 1 a 0. Caíram diante do Brasil por 2 a 0 em Liverpool — nos primeiros 45 minutos de Neymar após a cirurgia do metatarso — e encerraram a preparação vencendo o Senegal por 2 a 1, de virada, sem deixar grandes convicções para sua torcida, na despedida da seleção.

Pouco antes da Copa, o jornalista Alexander Holiga escreveu para o pool internacional do diário “Guardian”, do qual o GLOBO fez parte. Em seu artigo, o croata afirmava que, “num bom dia", a geração dourada dos poderia ganhar de qualquer um. O problema é que a experiência também provava que o time era capaz de perder para qualquer mulambada. A meta honrosa eram as oitavas de final, em que, a partir daí, dizia, Holiga, “tudo era possível”.

Conforme sabemos.


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