10/11/2021 às 17h21min - Atualizada em 10/11/2021 às 21h00min

Novembro Azul também é mês de conscientização sobre diabetes e suas consequências

De acordo com oftalmologista, retinopatia diabética, maior causa de cegueira irreversível, é mais comum em homens, especialmente pela falta de prevenção

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O Novembro Azul ganhou destaque pelo foco na saúde masculina e conscientização sobre o câncer de próstata. No entanto, por conta do Dia Mundial do Diabetes (14/11), também virou sinônimo, nos últimos anos, de combate ao diabetes. O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos). A estimativa da incidência da doença em 2030 chega a 21,5 milhões – dados do Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Uma das consequências da falta de controle de açúcar no sangue pode ser a retinopatia diabética, lesões na retina que podem levar à baixa visão ou cegueira, e que afeta notadamente homens.

“Os homens são mais acometidos pela retinopatia diabética, porque não se cuidam com a mesma frequência que as mulheres. A conscientização da população em relação à prevenção e diagnóstico precoce é o principal fundamento dessa campanha. Apenas com a conscientização de todos é que conseguiremos tratar de uma maneira adequada e, desta maneira, diminuir a cegueira pelo diabetes”, afirma o Dr. Caio Regatieri, oftalmologista da UPO, empresa do Grupo Opty em São Paulo.


O que é – Retinopatia Diabética é uma complicação do diabetes, caracterizada pelo nível alto de açúcar no sangue, que provoca lesões definitivas nas paredes dos vasos que nutrem a retina. Em consequência, ocorre vazamento de líquido e sangue no interior do olho, desfocando a visão. “Com o tempo, a doença se agrava e os vasos podem se romper, caracterizando a hemorragia vítrea podendo levar ao descolamento da retina”, explica Regatieri. O diabetes também pode ainda causar o surgimento de vasos sanguíneos anormais na íris, ocasionando o glaucoma.

“Nas fases iniciais da retinopatia diabética, não se percebe perda de visão e isso é um problema, pois as pessoas procuram atendimento médico apenas em casos de retinopatia avançada”, conta Regatieri. Nesses casos, a perda de visão e distorção de imagem são os principais sintomas. Uma vez instaladas, as alterações retinianas não se modificam significativamente com a normalização da glicemia, necessitando de tratamento oftalmológico específico. De acordo com a publicação do Conselho Brasileiro de Oftalmologia As Condições de Saúde Ocular no Brasil (2019), há evidências de estudos conduzidos durante mais de 30 anos de que o tratamento da retinopatia estabelecida pode reduzir o risco de perda visual em mais de 90% dos casos.

Conforme explica o oftalmologista, a retinopatia diabética apresenta comportamento mais agressivo e mais frequente, com risco de perda da visão, nos pacientes insulinodependentes (Diabetes tipo 1). Mas vale reforçar que o controle rigoroso do Diabetes Mellitus, caracterizado pela deficiência da insulina, retarda o aparecimento e reduz a progressão da doença. “A melhor maneira de se prevenir a retinopatia é o controle adequado da glicemia. Dessa maneira, controla-se a diabetes e a chance de apresentar complicações como a retinopatia é menor”, afirma o médico.

Estudo em jovens – As alterações da visão são mais comuns em jovens, pois a incidência de diabetes do tipo 1, uma doença autoimune, nessa população é mais frequente. Assim, a retinopatia pode aparecer mais precocemente e causar perda de visão. No entanto, um recente estudo norte-americano, publicado no jornal Diabetes Care, apontou um aumento significativo de alterações na visão causadas por retinopatia diabética em jovens com diabetes tipo 2, aquele causado por fatores genéticos juntamente com maus hábitos de vida, como consumo exagerado de açúcar, gordura, sedentarismo, sobrepeso ou obesidade, que provocam defeitos na produção e na ação da insulina no corpo.

Inicialmente, cerca de 14% dos participantes da pesquisa tiveram alterações no olho muito precoces. Em uma segunda análise, apenas 7 anos depois, metade dos pacientes com idade média de apenas 25 anos apresentava sinais de lesões oculares. Enquanto 39% tiveram casos leves ou muito leves da doença ocular, cerca de 4% tiveram sua forma mais grave. Em comparação com os pacientes levemente afetados, aqueles com progressão mais extrema apresentaram níveis mais elevados de açúcar no sangue e pressão arterial, bem como mais problemas de saúde.

O diagnóstico – A retinopatia diabética pode ser diagnosticada na avaliação oftalmológica básica. Exames como o mapeamento de retina e exame do fundo de olho devem ser realizados para se detectar a retinopatia diabética. “É bastante frequente o oftalmologista fazer o diagnóstico de diabetes através do exame de fundo de olho. As hemorragias observadas na retina são características do diabetes”, explana Regatieri.
Os exames oftalmológicos devem ser realizados anualmente em pessoas com ou sem diabetes. Já os pacientes que apresentam algum grau de retinopatia devem ser examinados com mais frequência. Em casos mais avançados, recomenda-se fazer exame a cada 3 meses.

Tratamentos – Em casos moderados, a fotocoagulação da retina com laser é a principal forma de tratar a doença. Nos avançados, a cirurgia vítreo-retiniana (vitrectomia via pars plana) deve ser realizada para a retirada do sangramento e/ou colocação da retina na posição correta.

“Existe muita pesquisa na área de diabetes, pois o número de pessoas com esta doença aumenta a cada ano. Duas terapias (brolucizumab e faricimab) têm sido estudadas e testadas, com resultados promissores no médio e longo prazos. No entanto, tecnologia à parte, o controle do diabetes é fundamental para impedir o aparecimento e a progressão da retinopatia”, reforça o oftalmologista.


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