O agronegócio paulista iniciou o período de maior consumo de calcário ao longo do ano. Quase metade do corretivo agrícola é vendido entre os meses de julho e outubro, quando a aplicação ocorre nas propriedades paulistas.
No ano passado, as empresas associadas ao Sindicato das Indústrias de Calcário e Derivados para Uso Agrícola do Estado de São Paulo (Sindical) entregaram, em média, 300 mil toneladas do produto por mês. Somente em agosto do mesmo ano, o consumo chegou a 450 mil toneladas.
Em solo paulista, cana e laranja são as principais culturas beneficiadas com a calagem, que é a correção da acidez de solo advinda da aplicação de corretivos - como o calcário. Parte dos produtores no estado também está de olho em áreas para plantio de grãos, como a soja e o trigo.
Solos com pH abaixo de 5,5 apresentam perda de produtividade que comprometem a lucratividade do agricultor. O fluxo financeiro também se vê comprometido pelo fato de, em solos ácidos, os fertilizantes apresentarem menores efeitos. Fertilizantes são uma das contas mais pesadas para o agricultor.
O presidente do Sindical, João Bellato Júnior, cita estudos do sindicato patronal que apontam que, no final da década de 1980, o consumo no estado estava em 2,6 milhões de toneladas. "Hoje está em 4,9 milhões", afirma.
O engenheiro agrônomo Júlio César Assad de Mello avalia que a sazonalidade tem relação com as principais culturas do estado, num cenário que vem sendo gradualmente alterado. "A citricultura e os grãos são plantados em maior quantidade nessa época. Já a agenda da calagem nos canaviais teve maior concentração, mas hoje se encontra mais distribuída", declara.
Para Mello, o acompanhamento técnico deve ser feito no sentido de se avaliar a antecipação da calagem. "O recomendado é a aplicação do calcário com 90 dias antes do plantio, como no caso da laranja", afirma. O final da temporada de chuvas é outro período a ser considerado.
Aspectos financeiros devem ser levados em conta, aponta o engenheiro agrônomo. "A antecipação pode fazer com que o produtor rural encontre preços melhores, por exemplo, no frete", lembra.
O ganho tende a ser de toda a cadeia produtiva. "A indústria de calcário também verá com bons olhos essa medida, o que pode gerar melhor negociação para o agricultor", avalia o engenheiro agrônomo.
Para o presidente Bellato, o consumo em alta acaba por esconder a quantidade ainda insuficiente de aplicação de corretivos em SP e no país. "O estado precisaria estar aplicando em torno de 7 milhões de toneladas de calcário. A produtividade das culturas e a rentabilidade do agricultor seriam maiores", afirma.