10/07/2018 às 16h10min - Atualizada em 10/07/2018 às 16h10min

Nos EUA, Burger King e outras redes de fast food impedem funcionários de buscarem melhores salários em outras franquias

Para estados, isso restringe a progressão de trabalhadores com baixa remuneração

Agência O Globo -
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(Foto: Divulgação)

CHICAGO - As redes de fast-food nos EUA, conhecidas pelos baixos salários, também impediam que os funcionários buscassem remuneração melhor em outros restaurantes da mesma cadeia. Agora estados americanos querem pôr fim a esta prática.

A análise realizada por estados como Massachusetts, Califórnia, Nova York e Illinois, anunciada na segunda-feira, tem como alvo os acordos que proíbem roubar funcionários em algumas das maiores redes do setor. Os estados argumentam que as empresas — a lista inclui Arby’s, Burger King, Dunkin’ Donuts e Wendy’s — estão reduzindo os ganhos dos trabalhadores ao impedir que eles se mudem para diferentes franqueados da mesma cadeia.

“Acordos que proíbem fisgar funcionários prendem os trabalhadores a empregos com baixa remuneração e limitam sua capacidade de buscar promoção em cargos mais bem remunerados dentro da mesma rede de restaurantes”, disse a procuradora-geral de Illinois, Lisa Madigan, em um comunicado enviado por e-mail. “Isso impede injustamente que trabalhadores com baixa remuneração progridam e reduz seus salários.”

A medida jurídica poderia aumentar a complexidade de uma parte essencial da administração de um restaurante: a contratação de funcionários. Além da escassez de mão de obra e do aumento do salário mínimo, as empresas estão enfrentando uma escalada na taxa de rotatividade de funcionários e um tráfego de clientes mais lento.

A investigação também menciona marcas como Five Guys, Little Caesars, Panera e Popeyes Louisiana Kitchen. O McDonald’s não está na lista, mas a maior rede de lanchonetes dos EUA já está envolvida em uma ação coletiva privada que objeta a mesma prática.

Maryland, Minnesota, Nova Jersey, Oregon, Pensilvânia e Rhode Island são os outros estados que participam da investigação coordenada, juntamente com o Distrito de Columbia.

Após o anúncio, a International Franchise Association pediu que os legisladores tentem encontrar uma solução que “proteja os direitos dos trabalhadores e estimule o crescimento econômico”.

O grupo afirmou em uma declaração enviada por e-mail que muitas empresas eliminaram as cláusulas que proíbem fisgar funcionários e que outras estão revendo suas políticas a respeito.

 

Ed Shanahan, diretor executivo do grupo Dunkin’ Donuts Independent Franchise Owners, disse que a investigação pode exacerbar os esforços das redes para encontrar trabalhadores.

"Não dá para continuar espremendo as pequenas empresas, especialmente em um mercado de trabalho tão apertado, sem que surjam problemas do outro lado", disse Shanahan. "A escassez de mão de obra é um grande problema."

As redes receberam uma carta dos 11 procuradores-gerais pedindo-lhes para suspender o uso dos acordos que proíbem fisgar funcionários. As autoridades estaduais pedem que as cadeias forneçam cópias dos acordos dos franqueados e das comunicações relacionadas às políticas de roubar funcionários até 6 de agosto.

Os governos estaduais e municipais aumentaram os salários nos últimos anos, o que obrigou as redes a elevar os preços e a buscar maneiras alternativas de reduzir os custos. A Wendy’s montou quiosques de pedidos e projeta reduzir as despesas com mão de obra em até 4 por cento neste ano. Outras lanchonetes começaram a recorrer a terceiros para realizar entregas.


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