21/10/2021 às 10h52min - Atualizada em 21/10/2021 às 10h52min

Metade da população da Bahia está completamente imunizada contra a Covid

Vacinação foi determinante para reduzir número de novos casos e vidas perdidas nos municípios. Porém, não é hora de deixar a máscara de lado: ‘Seria um retrocesso’, declarou a Sesab

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Tribuna da Bahia
Romildo de Jesus

Nove meses se passaram desde o dia em que a primeira carga de vacinas contra o novo coronavírus desembarcou no Aeroporto Internacional de Salvador, despertando a esperança em dias melhores que estava adormecida no peito de muitos baianos, exaustos pelas restrições e perdas. Na terça-feira (19), o Estado conseguiu chegar à marca de 53% do público-alvo acima de 12 anos de idade com a proteção completa: até o momento, são 6.370.057 pessoas que receberam as duas doses das vacinas ou o antígeno de dose única. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), a população habilitada para fazer o esquema vacinal é de 12,7 milhões. Em Salvador, 1,4 milhão de cidadãos já foram totalmente imunizados contra a Covid-19, percentual semelhante ao alcançado pela Bahia como um todo.

A turma dos 30 a 39 anos foi a que mais compareceu aos pontos fixos e drives para buscar a imunização, representando 1.438.673 do contingente baiano. É um dado muito significativo, uma vez que também é esta faixa etária a mais atingida pelo vírus: desde o começo da pandemia, foram 292 mil que testaram positivo para o Sars-CoV-2. A Sesab comemorou o avanço, mas lembrou que o esforço coletivo deve continuar para o combate à pandemia. “Afinal de contas, esta é uma doença colaborativa. Enquanto pelo menos 80% da população não tiver a sua vacinação completa, ainda estaremos correndo o risco de espalhamento do vírus”, enfatizou Tereza Paim, secretária em exercício da pasta. Diariamente, o Estado tem conseguido vacinar entre 20 e 30 mil pessoas; desde o começo da campanha, o maior recorde foi alcançado no dia 30 de setembro, quando 84.081 baianos foram imunizados.

Uma grande preocupação tanto para a Sesab quanto para as secretarias municipais são os faltosos da segunda dose. Em toda a Bahia, quase 2 milhões de pessoas que poderiam ter terminado o ciclo vacinal não apareceram nos postos, sendo que 170 mil são residentes de Salvador. A maior abstenção estadual foi registrada com o imunizante da Pfizer/BioNTech: 1,1 milhão de baianos estão com o aprazamento (data de retorno) vencido; já na capital baiana, apenas a Coronavac já tem 72 mil atrasados, mesmo com o intervalo mais curto do que o estipulado pelos outros fabricantes. A proteção máxima acontece quando se passam duas semanas após a finalização do ciclo vacinal, seja com o antígeno de duas doses ou de tomada única. “É importante que as pessoas busquem as unidades de saúde para se vacinarem contra a doença, incluindo também a dose de reforço. O esquema completo de vacinação dá uma maior garantia de defesa contra a Covid-19”, explicou a titular da Sesab.

Nas ruas, a maior queixa da população permanece relacionada à disponibilidade de imunizantes de um laboratório específico para tomar a segunda dose; com a redução do poder aquisitivo, pegar mais de um transporte coletivo para chegar às unidades se torna impraticável. “Só tem posto na casa do chapéu”, brincou a costureira Ana Santos, que precisava voltar para tomar a dose da Oxford/AstraZeneca mas ainda não tinha conseguido. “Deveria colocar mais postos no Centro. Às vezes, a pessoa não tem condições de ir mais longe, nem de usar o drive-thru”, sugeriu a dona de casa Cecília Gonçalves. Para tentar sanar a situação, a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) começou a ação ‘Vacina Perto da Minha Casa’. Até sexta-feira (22), todos os postos da capital oferecerão imunizantes de um único laboratório para atender à população, independentemente se o objetivo é participar da repescagem para maiores de 18 anos ou terminar o ciclo vacinal; a dose de reforço acontece normalmente. “Muita gente está dizendo que a vacina não está perto de sua casa, e que é muito difícil o acesso”, argumentou Léo Prates, à frente da operação. “Então, não tem desculpa. É vacina no braço e proteção para todos nós”.

O esforço para garantir que mais pessoas se vacinem tem produzido bons frutos pelo Estado. Neste mês, apenas 59 municípios notificaram óbitos pela Covid-19 na Bahia (14%). Em Vitória da Conquista, foram trinta dias sem que nenhuma vida fosse perdida pela doença. Algumas cidades estão com mais de dois meses sem registros de novos casos. São os casos de Catolândia, com 83 dias sem contaminados, Caturama (74 dias), Chorrochó (67) e Nova Redenção (66), de acordo com informações da Central Integrada de Comando e Controle da Saúde. O impacto também pode ser visto na permanência da queda de ocupação nos leitos de UTI: cidades como Barreiras registraram 3% de pacientes com quadros mais graves. A melhora fez com que já se cogitasse a retirada do uso obrigatório de máscaras, decretado pelo Governo da Bahia em meados de abril; o prefeito de Brumado publicou um decreto onde os cidadãos já não precisariam mais adotar o equipamento de proteção. Entretanto, a Sesab não deu nenhuma orientação sobre o assunto e considera a supressão um ‘retrocesso’.

“Elas nos protegem aproximadamente durante todo o período que vivenciamos a pandemia. Ou seja, evita mortes. Estar vacinado não quer dizer que a gente pode estar desprotegido. Apenas depois que a maior parte da população estiver vacinada, é que a gente vai poder começar a pensar de que maneira e em quais locais poderemos estar sem máscara, preferencialmente em locais abertos”, pontuou Tereza Paim. A Confederação Nacional de Municípios também discorda do planejamento de algumas cidades de abolir o uso da proteção, mesmo que em lugares abertos. “Eu entendo que neste momento da pandemia, ainda é uma ação precipitada a desobrigação da máscara, tanto em locais públicos ou privados. Tivemos avanço na vacinação, esse sem dúvida é um ponto de diferença na curva de óbitos e de novos casos, mas desobrigar o uso é, ao meu ver, precipitado”, defendeu Carla Albert, supervisora de Saúde da CNM. Pesquisas feitas pela confederação com gestores e gestoras municipais mostraram que pelo menos 95% pretendem manter a exigência do equipamento de proteção individual enquanto a cobertura vacinal ainda não for ampliada.

Bahia está perto das 27 mil vidas perdidas

Mesmo com os dados animadores da vacinação e da taxa de ocupação dos leitos de UTI ter se estabilizado em torno de 30% durante todo o mês de outubro, o Estado notificou 26.986 falecimentos devido a complicações da Covid-19 desde o início da pandemia até o fechamento da matéria. A maior mortalidade aconteceu em idosos acima dos 60 anos: foram 18.263 famílias que perderam um ente querido na melhor idade. Porém, com o avanço do vírus na Bahia, a população percebeu que ele não poupa os jovens. Foram 1670 pessoas entre 20 e 39 anos que sucumbiram à doença.O Sars-CoV-2 também não vê sexo biológico: foram 15.034 homens e 11.952 mulheres vitimados pelos quadros mais graves.

Outro mito que persistiu pelos primeiros meses de pandemia, de que só aqueles com comorbidades como diabetes, hipertensão e outras doenças crônicas eram acometidos com sintomas que demandavam hospitalização foi derrubado. Do primeiro registro de morte pela Covid-19 em 29 de março até hoje, 51% dos falecimentos teve um fator de risco como agravante; esse percentual chegou a ser de quase 70% em outros momentos da crise sanitária. Salvador permanece representando 30% dos óbitos, seguida de Feira de Santana (4%), Itabuna (2,6%), Camaçari e Vitória da Conquista (2,3% cada uma). Catolândia, citada nesta reportagem, teve apenas um óbito em toda a pandemia, assim como o município de Lajedinho.
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