20/10/2021 às 16h53min - Atualizada em 20/10/2021 às 16h53min

Bolsonaro colaborou para gerar 'monstruosa tragédia' com milhares de brasileiros sacrificados, diz relatório da CPI da Covid

AB NOTICIAS NEWS
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Edilson Dantas

Em seu parecer final, o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), citou o presidente Jair Bolsonaro mais de 400 vezes. Para Renan, Bolsonaro colaborou para gerar uma "monstruosa tragédia, na qual alguns milhares de brasileiros foram sacrificados".

"O Presidente da República foi o principal responsável pela propagação da ideia de tratamento precoce. Em tempos normais, seria apenas um exemplo de desprezível charlatanismo pseudocientífico. Contudo, em meio a uma pandemia global, colaborou para gerar uma monstruosa tragédia, na qual alguns milhares de brasileiros foram sacrificados", diz um dos trechos.

"Em outras palavras, quando falamos de tratamento precoce, parece evidente que temos um caso em que o Presidente da República agiu, de modo consciente, claro e sistemático contra os interesses do Brasil e do povo brasileiro", acrescenta o senador alagoano.

De acordo com o parecer, "Jair Bolsonaro colaborou fortemente para a propagação da covid-19 em território brasileiro e, assim, mostrou-se o responsável principal pelos erros cometidos pelo governo federal durante a pandemia da covid-19."

Renan ressalta que Bolsonaro incentivou a população a deixar de seguir a política de distanciamento social e se opôs de maneira reiterada ao uso de máscaras, além de tentar desqualificar as vacinas contra a Covid-19.

"Esses acontecimentos revelam que o desejo do chefe do Poder Executivo sempre foi o de estimular as pessoas a voltarem a suas atividades sem que sequer tomassem os cuidados para tanto. Isso nos leva a concluir que o Presidente da República tinha interesse em encorajar os brasileiros a se expor ao contágio sem proteção, para que pudessem ser infectados pelo vírus sem maiores dificuldades ou barreiras", escreveu.

O relator considera que Bolsonaro, junto ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, continuou a empregar recursos na produção da cloroquina mesmo depois de ficar demonstrado que o medicamento era ineficaz contra o novo coronavírus.

"O Presidente Bolsonaro inseriu-se na cadeia de comando dessa prática ilícita, como autor intelectual, enquanto o Ministro funcionou como seu operador. Frise-se que estamos falando de pessoas que tinham poder de administração e, portanto, possuíam a faculdade de disposição sobre os recursos públicos. Dessa forma, ficou comprovada a prática do crime de emprego irregular de recursos público por parte do Presidente Jair Bolsonaro e do ex-Ministro Eduardo Pazuello."

Renan diz, ainda, que o presidente da República ultrapassou limites legais ao defender medicamentos ineficazes.

"O Presidente Bolsonaro foi um defensor incondicional do tratamento precoce e, sobretudo, do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina. Ocorre que, nessa obstinada campanha, o Presidente da República ultrapassou os limites legais. Há registro de que ele tenha alardeado que, com o uso da cloroquina no início dos sintomas, haveria 100% de cura."

O relator também considera que, pelo cargo que ocupa, Renan foi "ator relevante" na propagação de notícias falsas e considera que Bolsonaro é "líder e porta-voz da comunicação enganosa".

"A propagação de informações falsas e os ataques às instituições não se limitam à opinião pessoal de Jair Bolsonaro. Ao assumir a Presidência da República, ele assumiu as responsabilidades e atribuições do cargo em que ocupa, de forma que suas declarações têm a natureza de decisões oficiais, que influenciam fortemente a população", disse.

"Jair Bolsonaro, nos últimos dezoito meses, foi autor de declarações que minimizaram a pandemia, que promoveram tratamentos sem comprovação científica e que repudiaram as vacinas, validando, na mais alta esfera política e midiática, a desinformação circulada nos perfis oficiais de instituições federais", reforça o relator em outro momento.

Em outro trecho, Renan afirma que o chefe do Executivo Federal demonstrou atitudes que "incontestavelmente atentaram contra a saúde pública e a probidade administrativa" durante o combate à pandemia.

"Estamos convencidos de que o Presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade e deve, na forma da legislação vigente, responder por essa infração político-administrativa."
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