A estatal chinesa Yuexiu Property desistiu de uma proposta de US$1,7 bilhão (R$9 bilhões) para comprar a sede da China Evergrande em Hong Kong. Fontes afirmam que há preocupações quanto à situação financeira da construtora.
Esta é mais uma dificuldade que a empreiteira está enfrentando, em sua tentativa de vender ativos para pagar os credores. Com mais de US$300 bilhões (R$1,6 trilhão) em dívidas, ela já perdeu três rodadas de pagamentos de juros sobre seus títulos internacionais.
Yuexiu, com sede na cidade de Guangzhou, demonstrou interesse em comprar o prédio de 26 andares que fica no distrito de Wan Chai em Hong Kong, famoso pela vida noturna. No entanto, a negociação teria fracassado após o conselho da Yuexiu se opor à compra, por preocupações que o endividamento não resolvido da Evergrande complicasse a transação.
Antes a principal empreiteira da China, desde junho deste ano a Evergrande tem procurado levantar fundos ao vender ativos, como propriedades e participações em subsidiárias, tanto na China quanto em Hong Kong.
Baseada na cidade de Shenzhen e fundada em 1996 por Hui Ka, a empresa está atualmente na beira do colapso, após tomar múltiplos empréstimos para criar um império que se alastra por diversas áreas de atuação, como veículos elétricos e gestão de riqueza.
A construtora enfrenta uma montanha de empréstimos de curto prazo, desde empréstimos bancários a títulos offshore, totalizando cerca de 240 bilhões de yuans (R$ 203 bilhões) com vencimento até o final de junho do próximo ano.
Em comparação, o portfólio de propriedades do desenvolvedor tinha 144 bilhões de yuans (R$ 122 bilhões) em apartamentos, casas, espaços comerciais e de varejo prontos para venda em 30 de junho
Isso significa que, mesmo sem considerar despesas de marketing ou recursos humanos, a Evergrande não teria projetos imobiliários suficientes em todo o seu portfólio para gerar caixa para cumprir suas obrigações financeiras.
"A crise da gestão de Evergrande que avaliou mal as condições de mercado e sua expansão cega [no passado] levou a uma deterioração das condições operacionais e financeiras”, disse Zou Lan, chefe do departamento de mercados financeiros do Banco Popular da China.