06/07/2018 às 04h50min - Atualizada em 06/07/2018 às 04h50min

Individual x coletivo: França e Uruguai disputam vaga na semifinal

Boas campanhas premiam seleções que souberam se renovar nos últimos anos

Agência O Globo -
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NÍJINI NOVGOROD - O simplismo do futebol poderia prever que França e Uruguai, pelas quartas de final da Copa, será um jogo de ataque contra defesa. Os números da equipe sul-americana, que só levou um gol no torneio, sustentam a tese, e o talento do ataque francês, com Griezman e Mbappé, da mesma forma, embora esse tenha marcado os mesmos seis tentos que o da Celeste.

O que marca essa partida, na verdade, é a forma como as duas seleções, finalistas do Mundial Sub-20 de 2013, formaram seus plantéis e consolidaram seus processos de trabalho com boa dose de renovação e modernização. Tanto que a provável ausência de Cavani, que treinou leve ontem, mas ainda se recupera de lesão, e a suspensão de Matuidi, ponto de equilíbrio do meio-campo da França, não devem influenciar nas características do jogo.

O Uruguai do técnico Óscar Tabárez cultiva valores coletivos em prol da unidade do grupo. Com ou sem Cavani, todos defendem. No alojamento que serve de concentração, todos jogam truco, todos lavam seus pratos e recolhem materiais de treino.

— É como em uma família, um grupo de amigos, e eu acredito nessas coisas. Assim é mais provável tomar as melhores decisões no campo, de forma coletiva. É um ponto forte. Contra isso nenhum rival pode fazer nada — destacou “El Maestro”, como Tabárez é conhecido.

suárez busca recorde

A integração de jovens a essa realidade é uma marca. O Uruguai de 2018 está rejuvenescido e com novas ideias de jogo, sem perder a alma e a raça celeste. Da nova geração, que foi vice-campeã mundial sub-20 em 2013 e terceira colocada em 2017, veio meio time. Do zagueiro Gimenez (23), passando por Diego Laxalt (25), meio-campo que joga na ala esquerda, até os volantes Nahitán Nández (22), Lucas Torreira (22), Matias Vecino (26) e Rodrigo Bentancur (21). Todos com características híbridas, defendem e atacam, incluindo Suárez e Cavani, se jogar.

— O trabalho com os jovens é muito importante. É a atividade futebolística que junta mais gente no país, 300 mil pessoas, no fim de semana: treinadores, pais e crianças vão ver essa paixão. Sem isso, o Uruguai não seria o mesmo. Temos que ter essa meta. Por isso seguimos dessa maneira há tantos anos. Me orgulha — comentou Tabárez, realçando a população do país de apenas três milhões de habitantes.

Na França, Didier Dechamps tem seis anos de trabalho e uma excelente geração nas mãos também. Dos 23 convocados, 17 não estavam na Copa de 2014. Houve uma limpa que incluiu Benzema e Valbuena, envolvidos em denúncias de chantagens. E a estrutura remontada tem semelhanças com o Uruguai. O técnico manteve Pogba e Matuidi, além do zagueiro Varane, do goleiro Lorris e dos atacantes Griezman e Giroud, este último ainda mais experiente.

As novidades são o lateral Pavard (22), o zagueiro Umtiti (24), o lateral Lucas Hernandez (22), os volantes Kante (27) e Tolisso (23) — este deve ser o substituto de Matuidi — e Mbappé no ataque, aos 19 anos. A busca é por intensidade em todos os setores. Os franceses somam mais talentos, mas precisam superar o melhor conjunto uruguaio.

Dechamps disse que o jogo contra a Argentina causou boa impressão, mas que contra o Uruguai terá outra realidade, pelo seu potencial defensivo:

— Contra a Argentina, mostramos o que podemos fazer. Mas já digerimos. Há que gerir esses momentos e se reorientar. Não achar que a vida é fantástica e não há nada a melhorar.

Do grupo dos veteranos da seleção uruguaia, Suárez espera se beneficiar do entrosamento do grupo para quebrar um recorde individual. Em seu terceiro mundial, ele quer se tornar o uruguaio com mais gols em Copas do Mundo.

Em 2010, teve participação decisiva na campanha que levou a Celeste à semifinal. Nem tanto como artilheiro, mas pela célebre defesa, com as mãos, evitando a classificação de Gana no finalzinho do jogo. Foi expulso, mas o pênalti foi perdido, e o Uruguai seguiu vivo.

Em 2014, ficou marcado pela mordida em Chiellini, da Itália, que lhe rendeu punição nos jogos seguintes e posterior eliminação da equipe para a Colômbia nas oitavas de final.

Suárez já tem sete gols em Mundiais, dois dos quais marcados na Rússia. Ele está apenas um abaixo de Óscar Miguez, que balançou as redes oito vezes: cinco na Copa de 1950, do título com o Maracanazo, e três na de 1954.

 

: Muslera, Martín Cáceres, José Maria Giménez, Godín e Laxalt; Nández, Torreira, Vecino e Betancur; Suárez e Stuani (Cavani).

Lloris, Pavard, Varane, Umtiti e Lucas Hernández; Kanté, Tolisso e Pogba; Mbappé, Giroud e Griezmann.

Nestor Pitana (Argentina).

Estádio Níjni Novgorod.

11h.

Rede Globo, SporTV e FoxSports.


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