O Laboratório de Bioanalítica e Eletroquímica (Labie), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), desenvolveu um dispositivo de baixo custo para detectar o coronavírus na saliva por meio da emissão de luz.
A técnica tem a mesma eficiência do teste RT-PCR, considerado padrão ouro. Ainda é possível analisar várias amostras de uma só vez, com resultado em até uma hora.
"O teste tem uma facilidade muito grande. Por exemplo, nos caso das comunidades ribeirinhas, de pequenos centros urbanos e de cidades interioranas, nós conseguimos fazer com que o teste chegue nesses locais onde o acesso à tecnologia é mais restrito. Isso porque o dispositivo é portátil e não demanda uma estrutura tecnológica super desenvolvida", explicou a pesquisadora Thaíse Helena Oliveira Leite.
A nova técnica criada pela universidade utiliza uma sonda de DNA para detectar a presença do RNA viral na amostra de saliva.
A fita de DNA é acoplada a um sensor que emite luz vermelha na presença do material genético do vírus, a qual varia de intensidade luminosa de acordo com a quantidade de carga viral presente no fragmento.
Dessa forma, o marcador não emite a luz quando não é detectado o vírus e exibe luminosidade mais intensa quando há grande quantidade de RNA viral na amostra.
O dispositivo que coleta a amostra de saliva para realizar a detecção do vírus e emite a luz quando o paciente testa positivo para a doença é descartável e pode ser acoplado, até mesmo, a um smartphone, cuja a câmera será responsável por tirar fotos para identificar a presença do vírus.
O resultado do teste não precisa ser analisado por um profissional especializado.
Como o instrumento é feito com material descartável e pode ser facilmente ligado a um celular, os custos desse método de testagem são baixos e acessíveis à população, visto que o resultado é intuitivo a partir da emissão da luz.
"Hoje, mais do que nunca, para alcançarmos o controle da pandemia é necessário que haja uma testagem em massa, para que possamos obter um diagnóstico precoce de quem foi exposto ao vírus e adoeceu, isolando essa pessoa e assim quebrando a cadeia de transmissão", afirmou o professor de medicina da UFSCar Henrique Pott.
Para ser disponibilizado no mercado, os pesquisadores aguardam o interesse de uma empresa que solicite o licenciamento da patente do projeto e produza o dispositivo em larga escala para comercialização.