25/09/2021 às 11h02min - Atualizada em 25/09/2021 às 11h02min

Bitcoin: entenda o banimento de criptomoedas na China

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Tecmundo
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Fechando uma semana difícil, o Bitcoin encontrou um novo desafio nesta sexta-feira (24): o banimento, e possível criminalização, de suas transações em todo o território da China. Desde julho deste ano, a principal criptomoeda ensaia um difícil movimento de retomada ao seu topo histórico na casa dos US$ 65 mil, superando vigorosamente uma série de barreiras — que incluem, sem surpresas, outras medidas proibitivas do governo chinês. Porém, o recente caso parece mais sério.

Medidas proibitivas

Mais especificamente, o Banco Popular da China proibiu bancos e instituições financeiras de oferecerem quaisquer serviços relacionados a criptomoedas, incluindo transações entre os ativos digitais e moedas fiduciárias, no país. A medida se estende até mesmo as corretoras que operam fora do território chinês, bem como aos seus colaboradores, sejam nativos ou não. Os indivíduos participantes nestas atividades estarão sujeitos a processos legais, caso descobertos.

A gravidade da situação torna-se ainda mais evidente ao considerar que outras entidades do governo chinês estão envolvidos na decisão, tais como a Administração do Ciberespaço da China (CAC), o Supremo Tribunal Popular da China (SPC), a Suprema Procuradoria Popular (SPP) e o Departamento de Segurança Pública (PSB).

Bitcoin caiu 10% na manhã desta sexta-feira, possivelmente devido às proibições da China. (Fonte: Mercado 1 Minuto / Reprodução)

Bitcoin caiu 10% na manhã desta sexta-feira, possivelmente devido às proibições da China. (Fonte: Mercado 1 Minuto / Reprodução)

Em entrevista ao site CoinDesk, o autor da newsletter Sinocism, Bill Bishop, explica que o campo de atuação destas entidades adiciona um "aspecto de crime financeiro" ao caso das criptomoedas na China. Ele continua: "Isso é certamente muito maior e mais expansivo do que a destruição da indústria de mineração." Mas, na prática, como isso influencia o Bitcoin?

O que as proibições significam para o Bitcoin?

Apesar do "leve susto", o mercado de criptomoedas já se recupera — com a natural e esperada volatilidade. Desde as últimas notícias sobre a medida chinesa, o preço do Bitcoin já se recuperou 5% e influenciou as demais altcoins — criptomoedas alternativas — positivamente, como a Cardano (ADA), que chegou próxima ao patamar dos US$ 2 e já se encontra na casa dos US$ 2,30, em uma recuperação de 10,81%.

Para alguns especialistas, esse movimento indica que embora as últimas notícias possuam um peso para as transações de criptomoedas na China, o mercado internacional segue em uma saudável tendência de alta. A newsletter Blockworks chegou a ilustrar o "efeito" através de uma tabela em sua conta do Twitter, mostrando que o preço do Bitcoin disparou 3.623,3% desde o primeiro "banimento" do governo chinês e até 15% desde o mais recente, ainda em maio deste ano. Confira:

O cofundador da Wise&Trust e autor do livro "O futuro do dinheiro", Rudá Pellini, cedeu uma entrevista ao TecMundo sobre o caso. Segundo o especialista, os efeitos proibitivos da China eventualmente não terão tanta influência no mercado, representando apenas catalisadores temporários da volatilidade dentro de um panorama muito maior.

Movimento no preço do Bitcoin a cada "proibição" do governo chinês. (Fonte: Blockworks / Reprodução)

Movimento no preço do Bitcoin a cada "proibição" do governo chinês. (Fonte: Blockworks / Reprodução)

Pellini explica que "é mais importante entender esse ativo sob o ponto de vista tecnológico e estar ciente de que a volatilidade irá acontecer independente da China, Elon Musk ou de qualquer outra notícia ou decisão chinesa." Para ele, as medidas apenas refletem mais uma tentativa de manter o fluxo de capital da população sob controle, possivelmente relacionando-se também com o plano de lançamento do Yuan Digital, a "criptomoeda" do governo chinês.

Yuan Digital é a moeda digital emitida pela China, sem a segurança oferecida pela tecnologia do Bitcoin. (Fonte: Macau Business / Reprodução)

Yuan Digital é a moeda digital emitida pela China, sem a segurança oferecida pela tecnologia do Bitcoin. (Fonte: Macau Business / Reprodução)

Rudá conclui reforçando que as medidas proibitivas não serão um problema para o crescimento do Bitcoin. "O fato é que como tecnologia já temos uma massa crítica grande o suficiente para tornar qualquer banimento uma tentativa que terá poucos resultados práticos, além de eventualmente atrasar sua adoção," ele afirma.

O que esperar para o futuro?

Para o criador da blockchain Tron, Justin Sun, também não há motivo para "tanto pessimismo". Segundo ele, a tendência é que a China amenize suas restrições assim que os principais países da Europa, América do Norte e Ásia apresentarem políticas regulatórias mais maduras sobres as criptomoedas.

Ele ainda afirma ao CoinDesk que as últimas medidas não tomaram a "liberdade de possuir e trocar moeda virtual" dos cidadãos chineses, sugerindo que o banimento total de ativos digitais possa ser não apenas difícil, mas improvável — especialmente ao considerar as diversas possíveis formas de armazenamento.


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