Camila Souza/GOVBAO governador da Bahia, Rui Costa (PT), se mostrou favorável ontem ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas ressaltou que não acredita na possibilidade de impedimento do chefe do Planalto. O petista ainda cutucou o presidente nacional do DEM, ACM Neto, que afirmou, em entrevista à Folha de S. Paulo, que o tema não tem sido discutido no seu partido. O democrata declarou também que a carta de Bolsonaro à nação trazia “conforto”.
“Eu acho que ele nem deveria ser eleito. Eu acho que ele já devia ter saído há muito tempo. Mas eu vou ser honesto com o povo da Bahia, como sempre sou. Por mais que eu deseje e torça para que ele não tivesse sido eleito e ele já tivesse saído, eu não acredito que, com a base parlamentar que ele tem, ele vai ser ‘impichimado’. Nunca – eu posso afirmar isso ao povo da Bahia – na minha existência enquanto ser humano, eu vi tanto dinheiro no balcão do toma lá dá cá como tem hoje no Brasil. Nenhum governo abandonou completamente o ato de governar para entregar 100% do dinheiro aos deputados. Nunca. E, pela primeira vez, está acontecendo”, declarou Rui, em entrevista à rádio Metrópole.
Para o governador, o impeachment só aconteceria em um “caso extremo”. “Só se ele voltar os devaneios dele naquela tentativa de golpe, porque aí pode ficar um constrangimento tão grande que não reste outras alternativas aos deputados. Mas, caso contrário, eu não acredito. Eu já vi o presidente do DEM dando declaração de que ‘nos confortou, causou conforto a declaração do presidente, e que o DEM não pensa em impeachment’. Isso é um recado claro que Bolsonaro está causando conforto aos deputados, com tanto dinheiro que ele está colocando no balcão. Eles estão muito confortados. Com esse conforto, eles não vão votar no impeachment”, criticou, com ironia.
Rui disse ainda que não acredita no recuo do presidente Bolsonaro, que divulgou uma carta ao país após declarações golpistas no 7 de Setembro. “Eu não acredito em absolutamente nada que ele disse ou que escreveu, porque ele, por diversas vezes, já sinalizou isso (que não recua) ao longo do seu governo. Se tem algo que ele se mostrou capaz e eficaz, foi em utilizar e manipular a comunicação seja difundindo calúnias, mentiras através das redes sociais, do zap (WhatsApp), e também se mostrou eficaz em despistas, distrair a opinião pública, a imprensa todo dia”, afirmou o governador, ao tecer críticas ao governo Bolsonaro. “Hoje, infelizmente, não temos governo no Brasil. Eu pergunto: você sabe qual é a política pública de Saúde do atual governo? Quais são os programas? Quais são as ações? Quantos hospitais?”, questionou o governador baiano.
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