02/09/2021 às 19h48min - Atualizada em 02/09/2021 às 19h48min

Mercado Central de Brasília: trabalhadores ainda desconfiam do projeto

O empreendimento não terá custos ao GDF e deve gerar entre 1.200 a 1.500 novos postos de trabalho

AB NOTICIAS NEWS
Jornal Brasilia
Agência Brasília

Mesmo com a realização de uma audiência pública, que aconteceu no dia 1º de setembro, muitos trabalhadores das Centrais de Abastecimento do DF (Ceasa) ainda não sabem da futura implementação do Mercado Central de Brasília no local e desconfiam do projeto, segundo a apuração da equipe do JBr.

Transmitida ao vivo via YouTube, a audiência discutiu as diretrizes para instalação e gestão do Mercado Central de Brasília no terreno da Ceasa-DF. Entre os tópicos, foi citado, por exemplo, o recurso sustentável de captação de chuva, que será feito com lona tensionada no teto da estrutura. 

Girlene Moreira, da loja Natural Brasil comentou: “Na verdade, não foi passada nenhuma informação direta para a equipe da loja. Eu não estou sabendo de nada ainda e não sei o que poderá afetar no nosso trabalho, mas vou procurar sobre o assunto”.  Os funcionários da CV Distribuidora de Hortigranjeiro e outras lojas próximas também foram questionados e não sabiam da implementação. 

A audiência pública do dia 1º foi aberta pela mesa de autoridades que contou com a participação do presidente da Ceasa-DF, Sebastião Márcio, do secretário executivo do Seagri-DF, Luciano Mendes, do membro da comissão de parceira público-privada, Danilo Moura, do presidente da comissão de parceria público-privada, Hugo Matsuoka e do secretário da audiência pública, Fernando Modesto. 

O presidente da Ceasa-DF, Sebastião Márcio, elogiou o projeto e afirmou que o mercado será um novo pólo de dinamização econômica para Brasília, que vai movimentar diversos setores. Em discurso, ele falou sobre as suas expectativas para a abertura do local: “Eu acredito que este é um marco importante. A Ceasa vai completar 50 anos em 2022. Aos 50 anos eu comecei a pensar que eu precisava me reinventar para o segundo tempo de jogo, e eu acho que o Mercado Central de Brasília segue a mesma ideia: vai ser para a Ceasa e para a cidade, um renascimento. Este é um empreendimento de qualidade, gerador de postos de trabalho, que vai contribuir para a dinamização da nossa economia e com toda certeza, vai estar no roteiro turístico de Brasília”.

Luciano Mendes, secretário executivo da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF) comentou sobre a importância do projeto no cenário socioeconômico de Brasília: “Esse é um momento importante na nossa democracia, que permite ouvir as pessoas, para que possamos aperfeiçoar esse sonho. Quero parabenizar a Ceasa-DF, porque já ouvi de alguns produtores que a nossa Ceasa é a melhor do país e isso é resultado de muita gente que acredita nesse espaço. Esse projeto que estamos vivenciando é estratégico, porque enxergamos nele um ambiente que pode trazer renda para muitas famílias”. 

Mesmo com tantas vantagens citadas na audiência pública, o dono de um negócio que funciona diariamente na Ceasa-DF, que não quis se identificar, soube do projeto e tem opinião contrária à das autoridades: “Não gosto dessa ideia. A Ceasa tem a função do abastecimento, distribuição com preços baixos e competitivos. Eu sinto que o Mercado Central pode se tornar elitizado e mudar essa realidade. A construção vai ocupar uma área que já é restrita à nós, então eu acho que poderiam construir esse mercado em lugar diferente. Com o mercado, nossos clientes podem se desviar para outras lojas, e só vejo benefícios reais aos novos trabalhadores que chegarem”

Porém, o presidente da Ceasa-DF, Sebastião Márcio reiterou à redação do JBr as vantagens da união do serviço de abastecimento à outros setores: “Os trabalhadores e empresários que já estão por lá vão se beneficiar porque o ambiente trará um público diferenciado, que normalmente não frequenta a Ceasa. O lugar vai continuar a ser voltado para o comércio atacadista, vamos agregar um forte varejo que vai trazer novos negócios. O contingente de carregadores e varejistas vão poder ter um emprego qualificado e com mais segurança. Só consigo ver vantagens para todas as categorias”.

Uma outra trabalhadora da Ceasa, que também não quis se identificar, acredita que a única vantagem desta implementação é a renovação do espaço, com mais conforto e segurança para os empregados e clientes, já que todos serão realocados. 

O Mercado Central de Brasília, será construído onde atualmente ficam as Centrais de Abastecimento do DF (Ceasa) e o projeto deve gerar em torno de 1.200 a 1.500 empregos, em uma área de 15 mil m² para implantação do prédio e área de 40 mil m² para urbanização. O GDF não terá custos, pois a ideia sairá do papel através de uma Parceria Público-Privada (PPP). 

O Mercado Central vai abrigar bares, lanchonetes, restaurantes e pontos de degustação, tornando um espaço que une o comércio, cultura, lazer, gastronomia, turismo, entre outros setores. E em relação à economia local, é esperado que o Mercado Central contribua na movimentação do comércio e serviços da cidade, mas principalmente do Entorno.

A empresa que ganhar a licitação – que deve sair no final deste ano – poderá administrar o mercado por 35 anos. Até o dia 6 de setembro está aberta a fase de consulta pública, onde os interessados podem ter acesso a toda a documentação sobre o Mercado Central, basta clicar aqui.

Histórico

  • Em dezembro de 2019, foi aberto um chamamento público para empresas que tinham interesse em elaborar projetos e estudos para a implementação do Mercado Central de Brasília.
  • Em janeiro de 2021, a Ceasa-DF escolheu a Architech Consultoria e Planejamento LTDA. EPP para dar continuidade ao empreendimento.
  • Neste mês, a audiência pública realizada na Ceasa, esclareceu sobre os objetivos, implantação, exploração, operação, manutenção e gerenciamento do mercado, com foco na comercialização de mercadorias na forma varejo. 

O Ceasa

A Ceasa-DF faz parte do complexo administrativo do Governo do Distrito Federal (GDF), e é denominada uma empresa de economia mista, que tem o objetivo de incrementar a produtividade no setor de distribuição de produtos hortigranjeiros, empregar novas tecnologias em processos de reunião, manipulação, comercialização e comunicação, a fim de beneficiar produtores, distribuidores e consumidores. Além disso, têm a missão de promover a política de abastecimento, visando garantir a segurança alimentar e nutricional do Distrito Federal e Entorno, de forma inclusiva, transparente e com excelência operacional.

Localizado no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA) de Brasília, a Ceasa foi criada em 1972 e recebe cerca de 600 mil pessoas por mês, em uma área de 285.119.05 metros quadrados. Com a construção do Mercado Central, o número de pessoas que circulam por lá pode chegar a 750 mil por mês.


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