02/07/2018 às 18h37min - Atualizada em 02/07/2018 às 18h37min

Rio: vitória da seleção alivia tensão diária na favela da Rocinha

Por Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
Vitória da Seleção Brasileira é comemorada na favela da Rocinha (Vladimir Platonow/Agência Brasil)

A tensão vivida pelos brasileiros no primeiro tempo da partida contra o México é parte da rotina de quem mora na favela da Rocinha. A comunidade da zona sul do Rio, ocupada pela Polícia Militar e palco da disputa entre duas facções criminosas, nestes dias de Copa do Mundo tem esquecido um pouco os tiroteios e a violência.

Nesta segunda-feira (2) não foi diferente. Os fogos, que normalmente anunciam operações da polícia – e por isso causam medo – desta vez explodiram apenas para comemorar a entrada da seleção em campo e os dois gols brasileiros. Por falta de dinheiro, ou por medo de algum conflito, para este jogo não foi montado telão nas áreas mais tradicionais, como o Largo do Boiadeiro, que costuma atrair muita gente em dias de partidas da seleção.

Vitória da Seleção da Favela da Rocinha

Vitória da Seleção da Favela da Rocinha

Vitória da Seleção Brasileira é comemorada na favela da Rocinha (Vladimir Platonow/Agência Brasil)

As ruas principais foram enfeitadas com bandeiras do Brasil e faixas verde-amarelas, mas a diversão ficou concentrada mesmo nas dezenas de restaurantes e botecos da comunidade, todos equipados com televisores de tela plana de diversos tamanhos. Até o ponto de mototaxistas, instalou um televisor, um modelo antigo, de 14 polegadas.

Um dos locais mais animados era o Petisco da Passarela, um boteco com pouco mais de 20 metros quadrados, estrategicamente situado em frente à passarela projetada por Oscar Niemeyer, que liga os dois lados da Auto-Estrada Lagoa-Barra. Lá dentro, 15 torcedores barulhentos, que pareciam se multiplicar, gritavam, sofriam e vibravam a cada lance da partida. Mesmo depois do primeiro gol brasileiro, de Neymar, aos 5 minutos do segundo tempo, a tensão continuava estampada no rosto da cada um, pois um gol mexicano levaria ao empate.

O alívio demorou e só veio aos 43 minutos, quando Firmino rebateu passe de Neymar e entrou com bola e tudo. Aí, a torcida do pequeno bar, e de toda a Rocinha, conseguiu festejar de verdade, pois sabia que não haveria mais reação mexicana capaz de tirar o Brasil da próxima fase.

“O jogo foi difícil no primeiro tempo. Mas depois conseguimos ser mais rápidos que os mexicanos. O Brasil mostrou que tem condições de vencer esta Copa. Só precisa de um jogador que acompanhe e dê mais assistência ao Neymar”, disse Rogério Villas Boas, que tem uma banca de produtos eletrônicos e de telefonia, em frente ao boteco.

A dona do bar era a mais entusiasmada, gritando e tocando corneta a partida toda. “Foi muito bom. Eu quase não vi o jogo, de tanto que gritei. Claro que vamos ser campeões. Com certeza. E o churrasco da vitória vai ser por minha conta”, prometeu Eliene Martins, que, além de tudo, foi a vencedora do bolão da turma do boteco.

Depois da partida, a vida aos poucos foi voltando ao normal na comunidade. Policiais que tinham dado uma pausa no serviço para almoçar e acompanhar o jogo retornaram ao serviço e,  na subida principal da comunidade, o posto de comando do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) continuava montado.

Confira a tabela de classificação da Copa do Mundo

Edição: Nádia Franco


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