29/07/2021 às 16h37min - Atualizada em 29/07/2021 às 16h37min

Rebeca Andrade, uma medalha da superação

AB NOTICIAS NEWS
Agência AFP
Reprodução/AFP
A ginasta brasileira Rebeca Andrade deu um passo gigante nesta quinta-feira (29) em uma carreira marcada por obstáculos e lesões, ao conquistar a medalha de prata no individual geral dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Aos 22 anos, a paulista de Guarulhos, de origem humilde, garantiu pela primeira vez um lugar no pódio olímpico da ginástica feminina para o Brasil.

Rebeca era uma das favoritas, depois que a americana Simone Biles desistiu para cuidar de sua saúde mental. E ainda não disse a última palavra, visto que, nos próximos dias, disputará as finais de salto e solo.

O pódio olímpico era impensável há dois anos, quando foi submetida a sua terceira operação por uma ruptura no ligamento do joelho.

Mas nada que desanimasse uma jovem acostumada a superar todos os contratempos desde que entrou pela primeira vez em uma academia, aos 4 anos, graças a um projeto social da prefeitura de Guarulhos.

Já no primeiro dia ganhou o apelido de "Daianinha de Guarulhos", em alusão à Daiane dos Santos, ginasta que conquistou 9 medalhas de ouro no solo em campeonatos mundiais entre 2003 e 2006 e que foi sua inspiração constante.

Com uma mãe empregada doméstica e responsável por uma família de oito filhos, Rebeca foi forçada a suspender seus treinos "quando o dinheiro apertava".

Mas seus treinadores se organizaram para levá-la ao ginásio. Aos 9 anos, foi treinar por um ano em Curitiba e, um ano depois, assinou pelo Flamengo, no Rio de Janeiro.

- Tóquio em ritmo de funk -

Em 2012, com apenas 13 anos, conquistou o Troféu Brasil de Ginástica Artística, vencendo lendas como Daniele Hypólito e Jade Barbosa, em seu primeiro campeonato como profissional.

"Foi então que meu nome começou a ser mais conhecido", lembra ela.

Longe de virar as costas às origens, Rebeca traz para as competições as referências de um Brasil popular e marginalizado. Nas classificatórias para a final de Tóquio, apresentou-se no solo ao ritmo do funk "Baile de favela", de MC João. 

E, na prova desta quinta-feira, encadeou a "Tocata e Fuga em Ré menor" de J.S. Bach com o ritmo carioca.

Em sua estreia internacional como adulta, em 2015, alcançou o bronze na etapa do Mundial em Liubliana, nas paralelas assimétricas, embora logo depois tenha sofrido uma das piores experiências do mundo do esporte: as lesões.

Em 2015, 2017 e 2019, suas lesões no joelho obrigaram Rebeca a se submeter a uma cirurgia. 

"Cresci muito com tudo isso. Meu amadurecimento foi muito grande, como pessoa e como atleta. Não é que eu goste de ter passado por esses momentos de lesão, mas foi fundamental para crescer", disse ela, no ano passado, em uma live da Confederação Brasileira de Ginástica.

A última cirurgia, em 2019, obrigou-a a ficar oito meses parada. Mas o adiamento dos Jogos de Tóquio-2020, devido à pandemia do coronavírus, deu-lhe tempo para recuperar seu nível.

Em 2016, após a primeira operação, conquistou o ouro no salto na etapa do Mundial de Koper, antes de participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, onde ficou em 11º lugar.

"Acho que estava cansada. Foram meus primeiros Jogos Olímpicos, além de competições uma atrás da outra. É difícil", comentou.


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