27/07/2021 às 15h29min - Atualizada em 27/07/2021 às 15h29min

Bolsonaro muda de chefe de gabinete para aumentar sua base de apoio

AB NOTICIAS NEWS
Agência AFP
Reprodução/AFP
O presidente Jair Bolsonaro, que vem perdendo popularidade, nomeou, nesta terça-feira (27), como chefe do principal ministério de seu governo o senador Ciro Nogueira, representante do bloco do Centrão.

"Acabo de aceitar o honroso convite para assumir a chefia da Casa Civil, feito pelo presidente" Jair Bolsonaro, noticiou Nogueira no Twitter durante encontro com o presidente em Brasília.

Nogueira, de 52 anos, é presidente do PP, partido simbólico do chamado "Centrão", ao qual Bolsonaro vem dando espaço depois de chegar ao poder com um discurso antissistema e contra "a velha política".

Os legisladores desses partidos se caracterizam por negociar votos em troca de investimentos em seus estados e apoiar ou destituir presidentes conforme sua conveniência. Foi o que aconteceu com a presidente de esquerda Dilma Rousseff (2011-2016), da qual muitos deles eram aliados antes de votar por sua destituição.

Essa prática de "dar e receber" para garantir a governabilidade gerou vários escândalos e investigações de corrupção nas últimas décadas.

Bolsonaro pertenceu, durante seus quase 30 anos como deputado, a vários partidos do "Centrão". Mas, para ganhar as eleições de 2018 com um discurso antisistema, se filiou ao PSL, com o qual rompeu alguns meses depois.

A princípio, tentou governar sem eles, mas a erosão de sua popularidade durante a gestão da pandemia do coronavírus o forçou a dar cada vez mais espaço, com olhos nas eleições gerais de outubro de 2022.

Neste ano, Bolsonaro apoiou a candidatura de dois membros desse grupo político para presidir o Congresso: Arthur Lira (PP) na Câmara dos Deputados e Rodrigo Pacheco (DEM) no Senado.

“Sou do 'centrão'. Nasci lá”, disse na semana passada, justificando a ideia de nomear Nogueira.

"Não é possível governar sem o 'centrão'. Bolsonaro fez uma promessa que, ele sabia, não poderia cumprir. Tentou adiá-la o máximo possível, mas era questão de tempo ceder", comentou à AFP o cientista político Thiago Vidal, da consultoria Prospectiva.

A popularidade de Bolsonaro está no nível mais baixo, 24%, devido à sua gestão caótica da pandemia e às suspeitas de corrupção na compra de vacinas anticovid. Ele está sendo investigado por alegadamente ter tido conhecimento de irregularidades e não ter denunciado.

"A aliança com o 'centrão' ajudará Bolsonaro a terminar o mandato, mas não garantirá diretamente a reeleição", diz Vidal.

As pesquisas indicam que nas eleições presidenciais de 2022 ele seria derrotado por seu maior rival, o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

O Centrão também foi fundamental para a governança durante os dois mandatos de Lula, que em 2009 explicou que se tratava de "acordos" e não de "concessões" e que essa era a própria base da política.


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