05/06/2021 às 11h06min - Atualizada em 05/06/2021 às 11h06min

Baiana que não se vacinou contra a covid tem bebê com anticorpos contra o vírus

Auxiliar de farmácia em hospital de Conquista teve a doença antes da gestação e ficou 11 meses com anticorpos

AB NOTICIAS NEWS
Correio
Reprodução

Uma semana depois de registrar o primeiro recém-nascido com anticorpos contra a covid-19, mais uma criança baiana vem ao mundo imune ao coronavírus, desta vez em Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, e com uma diferença: a mãe não foi imunizada, mas teve a doença dois meses antes de engravidar. Pietro Kevin Brito nasceu no dia 24 de maio com poucas chances de ser afetado pela transmissão do coronavírus por receber a imunidade através da transferência placentária durante a gestação.

Sua mãe, Glece Quelle Brito, 25 anos, é auxiliar de farmácia de UTI em um hospital e pegou covid-19 dois meses antes de engravidar. Sem sintomas mais graves, ela se curou através da produção de anticorpos e parece estar com eles até agora, o que possibilitou que Pietro viesse ao mundo imune, como ela explica. "No fim da gestação, eu fiz esse exame de anticorpos total e vi que tava com imunidade ainda, o que dava indício de que passaria o anticorpo para ele. Depois, fizemos nele e também deu positivo para o IgG contra a covid", relata. 

 

Anticorpo persistente

Para quem pode estranhar a presença tardia do IgG no organismo de Glece e a sua transferência para Pietro, o caso é sim possível. É o que garante Matheus Todt, infectologista da S.O.S Vida. Ele afirmou que o comum é que a imunidade permaneça por menos tempo, mas que isso não impossibilita situações em que o anticorpo seja produzido e permaneça por até 12 meses. 

"O IgG é a linhagem de anticorpo mais tardia e que, no caso da covid-19, pode durar até um ano no organismo. Caso a mãe tenha tido contato com o vírus e desenvolvido esse anticorpo, o IgG pode passar pela barreira da placenta e chegar na criança porque, nesse caso, está dentro do tempo que se imagina que ele pode permanecer lá. Então, é possível sim", diz Todt, que alerta que ainda sim é difícil saber o quanto isso representa de proteção para a criança.

Ao CORREIO, Glece contou que a dúvida sobre a força do anticorpo no organismo do pequeno Pietro não foi capaz de diminuir a euforia de saber que seu bebê nasceu com imunidade contra a covid-19. 

"Nossa, quando eu peguei o resultado, eu chorei de alegria. Chorei mesmo, não tava acreditando. Liguei pra minha família pra contar. Foi uma emoção muito grande, um presente de Deus. Depois de tudo que a gente passou, veio essa bênção grandiosa", declara ela.

Antes de Pietro, ela deu à luz a Henzo, que nasceu com problemas cardíacos e acabou não resistindo. A perda do primogênito, no entanto, deu para Glece mais empatia para seguir trabalhando na linha de frente contra o coronavírus até o oitavo mês de gestação, quando deixou o trabalho por orientações médicas. Segundo ela, o medo sempre existiu, mas a vontade de ajudar em um momento que os profissionais de saúde são tão necessários foi superior.

"Pra mim, foi o amor ao próximo que me sustentou. Ano passado eu perdi meu bebê e, depois disso, acabei tendo mais compaixão e amor à vida, seja ela a minha ou do próximo. Então, mesmo com medo de acontecer tudo de novo, a gente não quer deixar de ajudar os outros, ainda mais em uma pandemia que tá maltratando tanto", afirma Glece.

 

Proteção mais curta 

Assim como para os bebês que ficaram imunes por conta da imunização de suas mamães, o tempo em que Pietro terá os anticorpos presentes no seu organismo é incerto. Porém, segundo Todt, é provável que esse período de imunização seja menor do que dos filhos de vacinadas. 

"No caso da covid-19, a imunidade vacinal, que é a que chamamos de imunidade ativa artificial, é maior e mais duradoura do que a conferida pela contaminação e produção de anticorpos que classificamos como imunização ativa natural. No entanto, isso é especulação porque, por ser um situação nova, não há testes para comprovar isso. Mas o que se acredita hoje é que a vacina dê uma imunização mais potente", explica.

Procurada para saber se tinha ciência do caso de Pietro, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) afirmou que não acompanha o caso em específico e disse que não tem o dado oficial de quantos recém-nascidos já foram registrados com anticorpos contra o vírus.


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