A Kryptus desenvolveu o subsistema de criptografia CM4-B, que passou na revisão técnica multidisciplinar do IFFM4BR feita pela equipe do Instituto de Aeronáutica (IAE), ligado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). O subsistema CM4-B já está há um ano sendo desenvolvido.
O programa IFF Nacional (do inglês Identification Friend or Foe, ou identificação de amigo ou inimigo) tem como objetivo o desenvolvimento de artefatos que serão utilizados no Programa F-X2, responsável pelo reequipamento e modernização da frota de aeronaves militares supersônicas da Força Aérea Brasileira (FAB) e que inclui a aquisição de 36 caças F-39 Gripen E/F.
A revisĂŁo, chamada de PDR, do inglĂŞs Preliminary Design Review, teve como objetivo atestar que a equipe do projeto fosse capaz de estabelecer uma linha base para todos os subsistemas (hardware, software, sistemas humanos e de suporte) e arquiteturas subjacentes, visando garantir que o sistema tivesse uma expectativa razoável de satisfação dos requisitos tĂ©cnicos, logĂsticos e industriais (RTLI) dentro do orçamento e cronograma alocados.
Durante evento para analisar a maturidade tecnolĂłgica de cada um dos produtos em desenvolvimento, o DCTA informou que, "a despeito dos enormes desafios em se desenvolver um sistema tĂŁo complexo quanto o IFF Modo 4 Nacional, apĂłs demonstrar o atendimento dos critĂ©rios estabelecidos, o projeto passou pela revisĂŁo sem dĂvidas tĂ©cnicas". "Dessa forma, foi atestada a maturidade do projeto e sua aderĂŞncia ao arrojado cronograma, o qual precisa atender a janela de integração para as prĂłximas etapas de desenvolvimento do novo Gripen", completa o comunicado.
A Kryptus está desenvolvendo, em parceria com a equipe de engenharia do IAE, o criptocomputador CM4-B, que será integrado ao F-39 Gripen E/F. Além do CM4-B, outros subsistemas que compõem o IFFM4 também foram avaliados.
Um dos critĂ©rios para a escolha da Kryptus no desenvolvimento do sistema criptográfico, alĂ©m da alta capacitação tĂ©cnica em projetos de segurança cibernĂ©tica e ciberdefesa, foi o fato de ser uma empresa 100% nacional. "Em conflitos, Ă© fundamental que o subsistema criptográfico do IFF seja de domĂnio nacional, já que a subversĂŁo deste componente crĂtico pode permitir, por exemplo, que aviões inimigos sejam identificados como amigos em um ataque aĂ©reo, penetrando profundamente nas linhas de defesa", comenta Roberto Gallo, diretor geral da Kryptus.
Segundo ele, nas Ăşltimas dĂ©cadas, o avanço dos sistemas de armas, principalmente em torno da missilĂstica, mudou o paradigma de identificação de plataformas —aeronave, navios, carros de combate — de visual e baseado em assinaturas, para um sistema ativo, baseado em criptografia. Essa evolução foi necessária para se automatizar a resolução de alvos, evitando fogo amigo, e, ao mesmo tempo, para atender aos avanços relacionados aos armamentos com capacidades BVR (do inglĂŞs Beyond Visual Range, ou alĂ©m do alcance visual).