01/05/2021 às 18h54min - Atualizada em 01/05/2021 às 18h54min

Quase um milhão de crianças e adolescentes da Bahia teve estudos prejudicados

Ensino remoto ajuda, mas não é acessível para todos

AB Notícia News
Tribuna da Bahia
Romildo de Jesus
 Foto: Romildo de Jesus
Por Lily Menezes
 
O lugar certo para uma criança é na escola. Entretanto, há mais de um ano, as aulas presenciais foram interrompidas como medida para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, suspensão justificada pela alta possibilidade de disseminação no ambiente escolar. A situação se torna ainda mais delicada por não haver uma estimativa de quando a vacina poderá ser aplicada em pessoas menores de dezoito anos, já que não se sabe como os imunizantes se comportam nesta faixa etária. As atividades remotas foram concebidas com o intuito de amenizar os danos ao aproveitamento escolar, mas não foram suficientes: na Bahia, foram 844.045 crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos fora das atividades escolares em 2020. 
 
A adaptação ao sistema remoto de aulas se torna um desafio ainda maior para os moradores de áreas rurais e das periferias urbanas, onde o acesso a itens básicos já é uma dificuldade com a crise econômica agravada pela pandemia. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAC) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020, 30,9% das casas no Nordeste não possuem acesso à Internet. 
 
Regresso
 
O dado é do levantamento “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil – um alerta sobre os impactos da Covid-19 na educação” divulgado pela Unicef em parceria com o CENPEC Educação nesta quinta (29). Este resultado é ainda mais preocupante se for levada em conta a população a cumprir o ciclo de educação básica. No Estado, são 2.748.036 pessoas em idade escolar, de forma que a exclusão dos estudos atingiu 30,7% do público. Com a indefinição do fim da pandemia e a escalada de casos vivida pelo Brasil, o cenário aponta para uma regressão no acesso à educação, segundo a representante da Unicef no Brasil Florence Bauer. 
 
Alarme
 
“Os números são alarmantes e trazem um alerta urgente. O País corre o risco de regredir duas décadas no acesso de meninas e meninos à educação, voltado aos números dos anos 2000. É essencial agir agora para reverter a exclusão, indo atrás de cada criança e cada adolescente que está com seu direito à educação negado, e tomando todas as medidas para que possam estar na escola, aprendendo”, afirmou Bauer. Em todo o país, são 5,1 milhões de crianças e adolescentes sem ter seu direito à educação assistido: 1,5 milhão não estavam na escola (remota ou presencial) e 3,7 milhões não conseguiram ter acesso às atividades e ficaram com a aprendizagem prejudicada. As maiores taxas de exclusão foram vistas na população mais vulnerável: 69,3% das crianças e adolescentes que não conseguiram acompanhar as atividades escolares remotas eram indígenas, pretas e pardas. Em 2019, ano pré-pandemia, a exclusão atingia 61,9% das crianças e adolescentes pertencentes a famílias que recebem até meio salário mínimo por pessoa.
 
Educação é proteção
 
Os piores números de exclusão escolar foram registrados na faixa etária de 6 a 10 anos, que abrange crianças em seus primeiros passos na educação. Dos 5,1 milhões sem estudar, 41% estavam neste grupo. A especialista em educação da Unicef Verônica Bezerra preocupa-se com a situação deste público. “É um momento especialíssimo, em que completam seus ciclos de alfabetização, que repercutem por toda a sua trajetória da educação básica. Por isso, pedimos a intensificação da busca ativa de crianças e adolescentes que estão fora da escola. Mas também a garantia de internet para todos, em especial os mais vulneráveis”, enfatizou. A Unicef recomenda o fortalecimento da comunicação comunitária e a mobilização das escolas. “E também de um sistema de garantia de direitos, para que possamos proteger mais e mais nossas crianças e adolescentes, pelos esforços na saúde, na educação e na assistência social. Porque a educação é proteção”, defendeu a especialista.


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