24/04/2021 às 20h08min - Atualizada em 24/04/2021 às 20h08min

"Fui condenado por uma ação política de parte do TCU"

O PT de Salvador realizou ontem o Ato de Desagravo a José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras

AB Notícia News
Tribuna da Bahia
Reprodução / Sindipetro CE
Por: Henrique Brinco
 
 
O PT de Salvador realizou ontem o Ato de Desagravo a José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras que figura entre os condenados no processo de aquisição da Refinaria Pasadena, no Texas (EUA), pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Em 2006, a estatal pagou 360 milhões de dólares por metade da refinaria. Segundo as investigações, o valor pago foi oito vezes superior ao montante desembolsado pela antiga proprietária da refinaria, um ano antes. O baiano, que tem evitado dar entrevistas, falou com exclusividade à Tribuna e rejeitou as acusações e vê perseguição política. "Por que eu fui condenado? Por uma ação política de parte do TCU que quer me condenar de qualquer maneira e manter as acusações contra o PT na imprensa e no centro da atividade. É uma ação injusta que eu vou lutar até o fim", avisa.
 
O ministro Vital do Rêgo, relator do caso, apontou irregularidades nas condutas de Gabrielli, dos ex-diretores Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró e do gerente Luís Carlos Moreira da Silva. Eles foram condenados ao pagamento de multa de R$ 110 milhões e a oito anos de inabilitação para exercício de cargos públicos. "É muito injusta a decisão do TCU. A aquisição de Pasadena, uma refinaria bem localizada nos Estados Unidos, foi feita dentro de uma estratégia definida pela Petrobras já antes do governo Lula - no tempo do governo Fernando Henrique, porque o Brasil estava crescendo a produção de petróleo e a demanda de derivados não crescia. Logo, o Brasil não deveria ser só o exportador de petróleo cru e deveria aumentar a capacidade de refino no exterior. Portanto, foi uma decisão de negócios tomada antes do PT chegasse a dirigir a Petrobras", lamenta.
 
Para Gabrielli, "o TCU mesmo reconhece que não há corrupção envolvida na questão de Pasadena, em relação a esse processo". "O que há de corrupção foi tratado em outros processos e os envolvidos foram julgados e condenados neste outro processo. Eu não estou neste outro processo", defende-se. Segundo ele, "é importante analisar que todo negócio pode ter momentos bons ou ruins". 
 
"Em certos momentos, Pasadena foi um bom negócio e em outros foi um mau negócio. O elemento central é a margem de refino. É quanto a refinaria ganha. Se você pegar a primeira falsificação feita pelo TCU, é dizer, inventar uma história falsificada, de que Pasadena teria sido comprada pelo vendedor ao anterior proprietário por 42 milhões de dólares. Quem conhece a área de refino sabe que nenhuma refinaria de 100 mil barris por dia de capacidade poderia ser vendida por 42 milhões de dólares - a não ser que fosse uma sucata total. Esse primeiro fato, que marcou muita gente na ideia da crise teórica de Pasadena, foi desmontada e foi demonstrado que a operação de compras anterior à Petrobras envolveu várias etapas. E que os 42 milhões foi a última etapa de um pagamento de um processo que deve ter sido em torno de 320 a 350 milhões de dólares", ressalta.
 
Gabrielli também levanta outros questionamentos. "Pasadena foi comprada em 2006 acima do preço de mercado ou abaixo do preço de mercado? Foram feitas 11 operações de compra e venda em 2006 no mundo de refinarias e Pasadena foi comprada abaixo da média do preço de mercado. Portanto, também não é verdade que houve prejuízo por aí. De onde vem, então, esse prejuízo que o TCU fala? Vem de uma comparação de valores pagos ao final de cinco anos de disputa judicial com uma planilha de cálculo feito por uma consultoria com base em algumas suposições sobre o comportamento do mercado. Agora está se tornando evidente que se você fizer os mesmos cálculos que essa consultoria fez, usando as margens reais que ocorreram em 2006 - e não as de 2005, utilizadas nesse cálculo -, o valor da refinaria é acima do valor que a Petrobras comprou".


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