03/04/2021 às 23h16min - Atualizada em 03/04/2021 às 23h16min

Empresa fatura achando compradores para milhões em produtos que iam para o lixo

Produtos que saem de linha, que não rendem comercialmente ou que têm problemas no controle de qualidade são descartados todos os dias e em larga escala

AB Notícia News
Matheus Prado, do CNN Brasil Business
Gooxxy
Produtos que saem de linha, que não rendem comercialmente ou que têm problemas no controle de qualidade, como inconsistências no peso, defeitos na embalagem ou prazo de validade próximo, são descartados todos os dias e em larga escala pela indústria nacional.
 
Ou seja, existe um desencontro entre estas mercadorias com pequenos defeitos, ainda consumíveis, que são diretamente descartadas, e consumidores que adorariam pagar menos para ter acesso a marcas de qualidade. Vinicius Alves, CEO da Gooxxy, antiga Xprajá, quis atacar justamente este problema em 2017.
(A empresa estima que, do faturamento total da indústria, uma parte considerável vai para o lixo dessa forma: 5% no segmento alimentício e 3% nos setores de bens de consumo e bebidas.)
 
"Eu trabalhava no mercado de M&As ["Mergers and Aquisitions", fusões e aquisições] e tinha boa relação com executivos de várias empresas. Com isso, descobri a quantidade de produtos que era descartada antes mesmo de chegar ao mercado, algo que para mim não fazia sentido, já que temos demanda por produtos mais baratos", diz.
 
"Decidi, então, criar uma plataforma que conectasse o estoque das indústrias com players do mercado que estivessem dispostos a comprar essas mercadorias. No início, até busquei algum software que atendesse às necessidades do projeto, mas acabamos fazendo do zero."
 
Na prática, funciona assim: existe uma pré-aprovação dos compradores --distribuidoras e mercados-- por parte das indústrias, fazendo com eles ganhem acesso, na Gooxxy, aos estoques disponíveis pelas companhias. Assim que o negócio é fechado, a própria empresa fatura a compra e entrega os produtos ao receptor.
 
Alves afirma que os descontos podem rondar os 80% ou 90% do valor original das mercadorias, com cada indústria determinando suas regras específicas. Ao fim do processo, a remuneração da greentech é paga por quem compra as mercadorias em um percentual (não divulgado) da nota emitida.
 
"Os clientes compram de nós a oportunidade de ter acesso a estes produtos mais baratos, mas não é um negócio simples. Como muitos produtos estão a 60, 80 dias do prazo de validade, é preciso calcular bem a capacidade de conseguir escoar estes lotes", afirma.
 
O gestor indica, no entanto, que a plataforma deve ganhar novas atualizações para dar mais previsibilidade ao fluxo comprador e vendedor.
 
Expansão internacional
Hoje, a empresa tem cerca de 45 funcionários e atua em 17 estados brasileiros, atendendo mais de 20 indústrias, como Mondelez e Unilever, e pelo menos 600 compradores cadastrados.
 
Em 2018, foram cerca de R$ 8 milhões em produtos recolocados; em 2019, o número saltou para R$ 90 milhões; e, em 2020, mais do que dobrou novamente e superou os R$ 200 milhões.
 
As duas gigantes acima gostaram tanto da solução que convidaram a Gooxxy para desenvolver o mesmo serviço em algumas de suas plantas fora do Brasil, nomeadamente na Colômbia e nos Estados Unidos.
 
"Contratamos uma empresa para mapear estes mercados e não encontramos concorrentes. Vamos, então, recrutar colaboradores em Boston e Medellín para começar a operar nestas regiões", diz.
 
Vinícius afirma ainda que, como a empresa já vai chegar ao mercado internacional com clientes na carteira, o processo fica muito mais simples. Indica, no entanto, que deve contratar equipes comerciais para prospectar novas parcerias.
 
"Nossa ideia é conseguir, nos próximos dois anos, alcançar R$ 1 bi em produtos realocados só no Brasil. E, como o mercado americano é muito maior, esperamos que o retorno da operação brasileira seja equivalente a apenas 20% do nosso desempenho total."
 
Sem divulgar os resultados financeiros da marca, Alves garante que a empresa já possui geração de caixa positivo e deve continuar escalando sua operação.


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