27/03/2021 às 21h59min - Atualizada em 27/03/2021 às 21h59min

Alta dos juros não prejudica a atividade econômica, diz Campos Neto

Na semana passada, o Copom elevou a Selic de 2% para 2,75% ao ano

AB Notícia News
Agência Brasil
Marcello Casal JrAgência Brasil Economia
e aumento dos juros “não prejudica o crescimento em 2022, que está de acordo com o nosso cenário básico".
 
Na semana passada, em meio ao aumento da inflação pressionada pelo dólar e pela alta nos preços de alimentos e de combustíveis, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a Selic de 2% para 2,75% ao ano, primeira alta desde julho de 2015. A decisão surpreendeu os analistas financeiros, que esperavam uma elevação para 2,5% ao ano. 
 
“Temos descrito como ajuste parcial e temos dito que o ajuste mais célere nos faz crer que na verdade fazer mais, e fazer mais rápido, faz com que a intensidade total [de elevação] deva ser menor”, disse o presidente do BC, explicando que também deve haver um efeito importante na expectativa de longo prazo.
 
A elevação da Selic, que serve de referência para as demais taxas de juros no país, ajuda a controlar a inflação, porque causa reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, contendo a demanda aquecida. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia.
 
Ainda assim, diante da perspectiva de boa recuperação econômica no segundo semestre, os membros do Copom consideram que o cenário atual já não prescreve um grau de estímulo extraordinário nos juros e deve manter a trajetória de elevação, de 0,75 ponto percentual, na próxima reunião do Copom, em 4 e 5 de maio. Para Campos Neto, esse percentual só deve mudar caso haja uma situação muito “atípica” no cenário econômico.
 
Desde agosto de 2020, a Selic se manteve em 2% ao ano, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia da covid-19. De acordo com o presidente do BC, esse nível foi alcançado diante de um cenário de projeção de queda de 9% do PIB em 2020 e inflação próximo de 1,5%. “Um cenário que não ocorreu”.
 
O PIB, na verdade, encerrou 2020 com queda de 4,1%, e a inflação segue pressionada pela depreciação do real e pela alta de preço das commodities. Por outro lado, o BC acredita que os efeitos desses fatores sobre a inflação serão temporários.
 
Crescimento da economia
No Relatório de Inflação, publicado hoje (25), o BC reduziu a projeção para o crescimento da economia este ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) passou de 3,8% para 3,6%.
 
Questionado sobre o impacto do agravamento da pandemia no ritmo de crescimento econômico, Campos Neto disse que os indicadores são positivos, especialmente para o segundo semestre do ano. 
 
“Não é que estamos super otimistas, acho que está bem qualificado, se todos olharem os dados do Relatório de Inflação estamos um pouco mais pessimistas em relação ao primeiro semestre. Nosso cenário [futuro] está contemplando a pandemia e aceleração na vacinação”, disse.
 
Segundo ele, o BC se baseia no cronograma do Ministério da Saúde para a vacinação, que projeta crescimento na distribuição de imunizantes a partir de maio e junho. "O BC não trabalha com hipóteses sobre cenários alternativos de vacinação”, disse, sobre uma possível insatisfação no ritmo de imunização da população.
 
Campos Neto disse ainda que o BC não observa nenhum “desrespeito às regras fiscais”, com o aumento dos gastos do governo com a pandemia. Segundo ele, houve uma contrapartida no esforço fiscal e ganhos institucionais, como as medidas de ajustes para estados e municípios, com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial.
 
Edição: Fernando Fraga


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Ab Noticias  News Publicidade 1200x90
Mande sua denuncia, vídeo, foto
Atendimento
Mande sua denuncia, vídeo, foto, pra registrar sua denuncia