20/02/2021 às 18h24min - Atualizada em 20/02/2021 às 18h24min

Fux afirma que ministro da Defesa o procurou para amenizar crise envolvendo postagem de Villas Bôas

Segundo o presidente do STF, na troca de mensagens, o ministro da Defesa disse que não gostaria de potencializar a revelação de Villas Bôas, a qual considerou “isolada” no momento de fazer sua biografia.

AB Notícia News
O Globo
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, disse, em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", que o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, enviou uma mensagem na tentativa de amenizar a tensão entre os Poderes, ampliada após as revelações contidas no livro de memórias do General Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército.
 
Na entrevista, Fux também afirmou que a sociedade não espera uma “carta de alforria” da Câmara a favor do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), preso nesta semana após vídeo ofendendo ministros da corte. O ministro revelou, ainda, que mudou de opinião ao longo da votação que impossibilitou a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado, em dezembro do ano passado.
 
Segundo o presidente do STF, na troca de mensagens, o ministro da Defesa disse que não gostaria de potencializar a revelação de Villas Bôas, a qual considerou “isolada” no momento de fazer sua biografia.
 
De acordo com Fux, Azevedo entrou em contato para informar que “não há nenhuma concordância das Forças Armadas em relação à pressão sobre o Supremo”.
 
“O ministro da Defesa (Fernando Azevedo) entrou em contato comigo, tenho até uma mensagem enviada por ele, dizendo a mim o seguinte: ‘ministro Fux, nós não queremos potencializar essa notícia porque na verdade foi declaração isolada do ministro Villas Bôas no momento de fazer sua biografia, não há nenhuma concordância das Forças Armadas em relação a pressão sobre o Supremo”, disse Fux, em entrevista.
 
Azevedo, segundo o representante do Supremo, também negou a reunião do Comando Militar para tratar da mensagem, publicada em 2018.
 
Segundo revelações do livro “General Villas Bôas: conversa com o comandante, recém-lançado pela Editora FGV, a partir de depoimentos concedidos pelo ex-comandante, alta cúpula do Exército participou da articulação da pressão contra a corte ás vésperas do julgamento que levou à prisão do ex-presidente Lula (PT), em 2018.
 
No livro, Villas Bôas narra assim o episódio: "o texto teve um 'rascunho' elaborado pelo meu staff e pelos integrantes do Alto Comando residentes em Brasília”
 
Após a declaração, o ministro Edson Fachin disse que a pressão de militares sobre o Poder Judiciário é "intolerável e inaceitável". Em resposta no Twitter, o general Vilas Bôas ironizou a manifestação do magistrado. “Três anos depois”, publicou em resposta a uma reportagem sobre o tema.
 
Veja abaixo outros pontos da entrevista:
 
Para Fux, a sociedade não espera uma “carta de alforria” da Câmara a favor do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), preso nesta semana. Ele conta que, após a publicação do vídeo, havia decidido prender o parlamentar, mas optou por consultar o ministro Alexandre de Moraes, relator do chamado “Inquérito das Fake News”.
 
Segundo o presidente do STF, a votação unanime para manter o parlamentar preso foi um recado “o de que a corte é unida na defesa da democracia”. Ele confirmou também que os ministros conversaram entre si para determinar a melhor medida para o caso.
 
“O conteúdo (do vídeo) foi um conteúdo inadmissível, e se o STF não tivesse tomado nenhuma providência, manifestações piores adviriam”, ressaltou.


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