20/02/2021 às 18h13min - Atualizada em 20/02/2021 às 18h13min

Samu continua recebendo trotes que atrapalham atendimentos de emergência

O trote aos serviços de emergência é um crime previsto no Código Penal.

AB Notícia News
Tribuna da Bahia
Romildo de Jesus
Desde o começo da pandemia, em março do ano passado até o dia 10 de fevereiro de 2021, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Salvador recebeu, 31.733, trotes telefônicos. Apesar dos apelos, as ações inconvenientes e criminosas continuam. Os bairros que mais praticaram os atos foram: Jardim das Margaridas (424), Sete de Abril (412) e Fazenda Grande do Retiro (311). A idade dos praticantes varia entre quatro até mais de 100 anos.
 
O trote aos serviços de emergência é um crime previsto no Código Penal. Quando identificado, o autor é enquadrado no artigo nº 340 do Código Penal por falsa comunicação de crime ou de contravenção, cuja pena é detenção de um a seis meses ou multa.
 
Muita gente desconhece a Lei, mas a ligação com falso pretexto pode acarretar graves consequências, retardando o atendimento de cidadãos que estão necessitando do serviço de urgência, ampliando as chances de óbitos e de sequelas decorrentes da falta de socorro precoce. Além disso, a atitude nociva de quem passa o trote gera desperdício do dinheiro público, já que há custos no deslocamento de ambulâncias. 
 
De acordo com o médico e coordenador de Urgência e Emergência de Salvador,Ivan Paiva, existem duas categorias de trotes. Uma delas é de crianças que fazem as ligações com o intuito de se divertir e são logo identificadas pelos atendentes. A outra se refere a adultos que simulam estórias que resultam em gasto de tempo de diversos profissionais que deixam de atender quem de fato precisa. Esses adultos, inclusive, estão sujeitos à prisão se forem identificados.
 
"Os casos de adultos mal intencionados são mais danosos, mais elaborados. A pessoa liga e diz que acabou de presenciar um acidente, uma pessoa passando mal, e vai respondendo às perguntas e criando uma situação que, pelo telefone, o atendente não consegue identificar se é trote ou não. Esse chamado ocupa linha telefônica e é encaminhado para o médico, ocupando também o tempo desse profissional. Encaminhamos a ambulância e, quando chegamos ao local, percebemos que a situação não existia”, lamenta Ivan.
 
As chamadas telefônicas efetuadas por crianças obtêm dos atendentes a mesma atenção que as realizadas por adultos, já que o pequeno pode estar tentando pedir auxílio para algum familiar. Só que, nesse caso, o trote é de fácil identificação. Como as ocorrências desse problema são, em sua maioria, ocasionadas justamente por crianças, o médico faz um alerta aos pais.
 
"Pedimos aos pais para sempre estarem de olho na lista de ligações do celular dos filhos e, se a criança estiver ligando para os números 192 , que orientem eles de forma adequada. Muitas vezes, a criança não tem noção e acha que é uma simples brincadeira”, sinaliza Paiva.
 
Para se ter uma ideia do transtorno causado pelos trotes, uma pessoa apenas já chegou a ligar 700 vezes por dia, “tivemos inclusive uma audiência no Ministério Público, porque identificamos o infrator. Mas nem sempre conseguimos identificar”, explica o coordenador.


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