20/02/2021 às 18h09min - Atualizada em 20/02/2021 às 18h09min

Rui pode estender toque de recolher caso números da pandemia continuem subindo

“Não podemos repetir cenas vistas em outros hospitais e UPAs pelo país. Se chegarmos a 80%, assino um decreto para, já no dia seguinte, começar a valer", disse o governador

AB Notícia News
Tribuna da Bahia
Divulgação/Secom/BA
Com 78% das taxas de ocupação dos leitos de UTI na Bahia, ontem (19), teve início o primeiro dia do toque de recolher, em 343 cidades do estado, no horário entre às 22h e às 5h. A medida de segurança visa frear a pandemia de Covid-19, já que o número de mortes diárias, nos últimos dias, tem passado de 60 – nesta sexta-feira foram 65, de acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), fora os 4.140 casos confirmados, os 17.306 registros ativos da doença e as 864 pessoas que estão internadas em UTIs, o maior número desde o início da pandemia.
 
Desta forma, com esse forte avanço do novo coronavírus, pode ser que o estado acabe ampliando esse horário de extensão do toque de recolher, segundo o governador da Bahia, Rui Costa. Em entrevista à TV Bahia, ontem, ele disse que se os índices de internação nos leitos de UTI adulto chegarem a 80%, não terá outra escolha a não ser tomar a atitude. Além disso, algumas atividades econômicas poderão ser fechadas, principalmente àquelas que causam aglomerações e contágio em ambientes fechados. Ele não citou a que tipo de estabelecimentos estava se referindo
 
“Não podemos repetir cenas vistas em outros hospitais e UPAs pelo país. Se chegarmos a 80%, assino um decreto para, já no dia seguinte, começar a valer, e será proporcional ao crescimento da doença, ampliando o fechamento de outras atividades. Estamos percebendo essa pressão na procura de leitos não apenas no setor público, mas também no privado”, afirmou o governador da Bahia, que não descartou a possibilidade de decretar um lockdown no estado, mas que seria uma decisão a ser tomada mais adiante.
 
Na ocasião, o gestor afirmou que a administração estadual tem efetuado esforços mais diversos para aumentar a capacidade de leitos à disposição dos pacientes infectados. Segundo Rui Costa, além da abertura de 20 leitos em unidades hospitalares que estão sob responsabilidade ou supervisão do governo baiano, o Estado vem fazendo o remanejamento de leitos da Arena Fonte Nova, que funcionou como Hospital de Campanha durante a primeira onda da Covid-19. Contudo, ele fez um alerta: assim que todos esses leitos forem abertos, o Governo da Bahia não terá como ampliar mais a quantidade de unidades à disposição.
 
POUCA EFICIÊNCIA
 
Se de um lado o governo do Estado acredita que os números da pandemia deverão ter uma queda com a adoção do toque de recolher, para o cientista e médico Miguel Nicolelis, coordenador do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, a medida tomada pelo poder público deveria ser mais rígida, com a determinação de um “lockdown”. Para ele, o toque de recolher não seria tão eficiente para conter o avanço da doença.
 
“Outros países testaram em diferentes momentos. O Canadá fez isso, logo no começo, e surtiu efeito. Mas no caso da Bahia, quando você tem 44 mil casos e 740 mortes nos últimos 14 dias, o número de mortes dobrando em relação ao final de janeiro, e o crescimento de casos – cerca de 300 por 100 mil habitantes – você começa a necessitar de medidas mais intensas durante um período curto. São Luiz e Fortaleza fizeram isso, na primeira onda, e o efeito dessas medidas perduram até hoje. O Maranhão tem a menor taxa de crescimento de casos até esse momento. Eles fizeram, durante 21 dias, um lockdown que foi muito bem organizado e efetivo”, disse Nicolelis, em entrevista à TVE Bahia.
 
REABERTURA PROGRESSIVA
 
Na última quinta-feira, o Ministério Público da Bahia (MP-BA), por meio do Grupo de Trabalho para acompanhamento das ações de enfrentamento do coronavírus (GT Coronavírus), recomendou ao Estado da Bahia e ao Município de Salvador a progressiva reativação e redirecionamento de leitos – clínicos e de UTI, adultos e pediátricos – para a rede assistencial a pacientes da Covid-19. As informações sobre as medidas adotadas devem ser encaminhadas ao MP no prazo de cinco dias úteis.
 
Nas recomendações, a força-tarefa chamou atenção para a urgência de providências que garantam vagas a pacientes contaminados pelo coronavírus, diante do “crescimento acelerado dos indicadores epidemiológicos, com o consequente crescimento da demanda nos próximos dias”. Foram mais de 3,8 mil casos registrados entre os dias 15 e 16 de fevereiro na Bahia, conforme a Central Integrada de Comando e Controle da Saúde – Covid-19.
 
Segundo os documentos, com base em dados do Plano de Desmobilização da Rede Assistencial Covid-19, foram reduzidos 513 leitos clínicos e 344 leitos de UTI em todo o Estado. Já a ocupação dos leitos ainda ativos para Covid-19 estava, até o último dia 16, em 74% dos 1.068 de UTI adulto e em 56% dos 36 leitos de UTI pediátrica. Na capital, o GT destaca que houve redução de 285 leitos clínicos, sendo 40 de gestão municipal, e 286 leitos de UTI, dos quais 87 de gestão municipal. A ocupação estava, até 15 de fevereiro, em 73% dos 425 leitos ativos de UTI adulto e 67% dos 18 de UTI pediátrica.
 
 


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